A tradução à letra do título original “White Noise” é “ruído sem significado”. Se juntarmos “imagem sem significado”, temos o resumo do filme.
Não satisfeitos com a extensa utilização da inigualável voz de John Larroquette (narrador do prólogo e epílogo de Massacre no Texas de 1974, recalibrado para o remake de Marcus Nispel em 2003) no trailer de “White Noise” –Larroquette é conhecido por dar credibilidade a argumentos ficcionados, o filme esforça-se incansavelmente por passar como verdadeira ciência uma prática mediúnica chamada e.v.p. (electronic voice phenomenae), segundo a qual é possível ouvir os mortos através de aparelhos electrónicos de gravação de imagem e som sintonizados no chamado “canal das moscas”.
Para além de nos massacrar com essa ideia descabida, mas que se engole como forma de dar sentido à coisa, o realizador achou ter descoberto o segredo do suspense: juntar ruídos supostamente perturbadores ao marasmo de uma história em que não se passa nada durante quatro quintos do tempo. John Carpenter já tinha provado há mais de duas décadas que era preciso muito mais do que isso.
Nada parece funcionar neste filme inepto, onde até a escolha do protagonista foi um erro. Michael Keaton é incapaz de expressar a menor emoção: no seu rosto lê-se apenas «como é que eu, que há 15 anos fazia de Batman em grandes produções de Hollywood, desci tão baixo ao ponto de me meter nesta porcaria?»
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