Wednesday, November 19, 2008

28 Semanas Depois, de Juan Carlo Fresnadillo


28 Semanas Depois é a sequela de um dos melhores filmes de zombies de sempre, o 28 Dias Depois de Danny Boyle. Infelizmente, padece do mal de quase todas as sequelas da História do Cinema: um realizador tarefeiro e um argumento que tenta capitalizar no sucesso do anterior, sem frescura nem inteligência. Isso não seria uma surpresa, se o filme não insistisse tanto em parecer mais do que aquilo que é.


A história recorre ao artifício “pessoas estúpidas a fazerem coisas estúpidas” para avançar, mas dispensar a lógica dos eventos nunca joga a seu favor. Controlado o vírus, começa o repovoamento de Londres, num perímetro seguro e supervisionado por tropas americanas (tinham de ser americanas, ou eles começavam a sentir comichão). Fora desse espaço, a cidade continua desabitada e insegura. Dois adolescentes acabados de regressar, sob fortes medidas de segurança, decidem, logo no dia seguinte à sua chegada, sair do perímetro de segurança. Primeiro, os dois não são idiotas, mas não há dúvida que se comportam como tal, ignorando o perigo que correm; depois, as patrulhas topam-nos, mas dão-lhes latitude para passarinharem a tarde inteira por uma Londres que pode matá-los.


É encontrada uma sobrevivente, infectada mas lúcida. Apesar do perigo de contágio, na área em redor do local onde esta é retida não se verifica um aumento de segurança, antes parecendo ter sido dada folga generalizada. Por entre essa ausência de protecção, o marido da sobrevivente não encontra um único obstáculo para chegar até ela e, claro, é contagiado por um beijo salivado, fica raivoso e devora a sobrevivente, não sem antes se auto-mutilar batendo com a própria cabeça de encontro às janelas de plexiglass, demonstrando-se assim q perdeu a razão. Contudo, apesar da sala ser hermeticamente fechada, consegue escapar. Como? A steadycam é substituída por umashakycam e tudo tem carta branca a partir daí. Ou talvez o cameraman tenha sido infectado...


A epidemia alastra em minutos e é fugir ou morrer. Um dos snipers de elite rejeita a ordem de disparar indiscriminadamente sobre humanos e infectados e vai ajudar um pequeno grupo de sobreviventes a chegar a porto seguro. O helicóptero de resgate decide que só vai aterrar do outro lado da cidade, de certeza com o intuito de ver o número de passageiros drasticamente reduzido e para que entretanto se passem algumas cenas de tiro-ao-zombie.


Infelizmente, 28 Semanas Depois não chega aos calcanhares do seu predecessor. Promete, inicialmente, com alguma construção de ambiente, mas rapidamente anula a sua premissa e transforma-se num Resident Evil de pacote. O sub-plot entre o marido sobrevivente e a resgatada esposa poderiam ter feito pender a história numa direcção interessante, mas por essa altura o realizador (que apenas tem o sobre-valorizado Intacto, de 2001, no currículo) já devia estar em pulgas para pôr o dedo no gatilho.


O personagem de Robert Carlysle é totalmente desaproveitado em vida e o restante cast é tão plano como os zombies. E o que dizer de Carlysle-zombie, que aparece nos sítios mais improváveis, como se fosse o Michael Myers e não uma criatura enlouquecida pelo vírus? Numa cena, inclusivé, opta por agredir com o cabo de uma arma uma militar que protege o seu filho, para poder chegar até este, em vez de simplesmente a devorar, única opção que faria sentido nesse contexto. É certo que Carlysle já foi um canibal astuto em O Insaciável, mas este é um filme diferente, onde nada é avançado sobre a possibilidade de um zombie manter o intelecto. Quanto ao pormenor final, em Paris, a pedir trilogia, era perfeitamente evitável.

28 Weeks Later

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