O enredo de Planeta Terror é superficial e não tenta respeitar nem o suspense nem a credibilidade, apenas capturar o espírito dos filmes que faziam as suas delícias quando era novo. Uma história dezombies não precisa de muita lógica (aliás, dispensa-a), apenas de sangue, criaturas a arrastarem-se e a devorarem pessoas, e heróis armados a explodirem com os cenários. Planeta Terror tem tudo isso, e Rodriguez ainda lhe juntou humor e um casal muito especial: uma bailarina exótica com uma prótese de M16 em vez da perna direita (que perdeu num acidente, como aconteceu com Sydney Poitier em À Prova de Morte) e uma máquina de matar de palmo e meio.
Com Rose McGowen e Freddy Rodriguez a protagonizarem, para além de introduzir um par de gémeas boazonas que são sobrinhas do realizador e de pôr Bruce Willis a dizer que matou Bin Laden, recuperaram-se actores como Michael Biehn e Jeff Fahey.
É a festa que se pretendia que tivesse sido Aberto Até De Madrugada, um policial sério que subitamente redundava num free for all de mata vampiros, com o especialista em efeitos especiais Tom Savini a matar sugadores de sangue lá, como mata sugadores de cérebros cá. Mas Tarantino e Rodriguez ainda não estavam sincronizados, como estão agora, e a diferença é esmagadora. Escusada era, porém, a cena em que Tarantino decide interpretar (ele que também entrava em Desperado e Aberto Até de Madrugada, ambos com assinatura de Rodriguez), uma bucha, só para mostrar que pode, e que não tem piada nem relevância.
Planeta Terror é uma homenagem em tom de paródia, e assim deve ser identificado. Há sangue de zombie a rodos, muito humor negro e peripécias inacreditáveis, sempre bem mergulhadas em explosões e tiros. A qualidade do celulóide é muitas vezes duvidosa, cheia de riscos e estrias, como se fosse antigo, e até há lugar a uma bobina perdida (ou roubada, porque continha, supõe-se, a nudez de Rose McGowan na cena de sexo), fazendo a história avançar sem se saber como chegou até ali.
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