Larry Cohen é um nome familiar do cinema de terror independente desde os anos 70, primando pelos actores amadores e pelos efeitos especiais de qualidade duvidosa, mas um amor à camisola que divide opiniões. O seu objecto mais icónico é a trilogia It’s Alive (1974, 1978 e 1987), com remake previsto para estrear ainda em 2008 (realizado por Josef Rusnak), mas é também o autor de Polícia Maníaco (1988) e Ambulância (1990). Como argumentista, assinou textos para Sidney Lumet (Culpa Formada, 1993), Abel Ferrara (Violadores: A Invasão Continua, 1993), Joel Schumacher (Cabine Telefónica 2002) e Roland Joffé (Cativeiro 2007)
Tendo sido o autor de um dos inúmeros guiões rejeitados para a adaptação do livro de Stephen King A Maldição de Salem (Tobe Hooper, 1979), a ideia da pequena localidade infestada de vampiros parece não o ter abandonado. Oito anos volvidos, sem autorização oficial para usar sequer o nome de Salem’s Lot, eis que avança com a mais modorrenta incursão no território dos chupadores de sangue de que há memória. E fá-lo ao mesmo tempo que realiza também A Ilha do Monstro, com o mesmo protagonista, Michael Moriarty.
Incaracterizável per se, Cohen esqueceu-se de ser assustador, credível ou convincente. Os seus vampiros, quando figurantes, não passam de zombies que preferem sangue a cérebros e, quando actores (e uso o termo com bastante liberdade), são um grupo de velhos sem um texto digno para debitarem.
Ausentes que estão todos os personagem do livro de Stephen King, o filme avança com um repórter que vem passar férias com o filho adolescente na casa que uma tia lhe deixou em testamento e descobre que esta, assim como praticamente todos os habitantes de Salem’s Lot, é uma vampira. Curiosamente, já o era nas memórias dele em jovem, ainda que à época ele nada tenha visto de extraordinário no facto de toda a cidade só sair à noite. O chefe da colónia decide que os dois humanos devem permanecer na localidade, de modo a escreverem uma Bíblia dos Vampiros. Aparentemente, Anne Rice não atendia as suas chamadas.
A meio do filme, surge a figura de um caçador de nazis que, num piscar de olhos, se torna caçador de vampiros e como dois é companhia, toca a abrir caixões de estaca em punho. O filme é de baixíssimo orçamento (a aproveitar o dinheiro que a Warner atribuiu a A Ilha do Monstro), incapaz da menor qualidade técnica e visual e com interpretações que flutuam entre o inacreditável e o desolador. A música parece tocada pelo fantasma do Paraíso (Brian De Palma, 1974) com uma partitura aldrabada do Príncipe das Trevas de John Carpenter (1987).
A Return to Salem's Lot 1987
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