Wednesday, November 19, 2008

Armadilha em Alto Mar, de Hans Horn


O título português é enganador, pois não há nenhuma armadilha, mas também é verdade que "Adrift" se lançou em DVD (na Alemanha de Origem) com um subtítulo que não o acompanhava em cinema: “Open Water 2”, o que também é falso, porque não é a sequela de “Open Water”. Compreende-se, porém, a anexação dos dois títulos, uma vez que ambos se baseiam em ocorrências reais (não sabemos quanto é verdadeiro e quanto é ficção) e abordam situações de pessoas em alto mar, a enfrentarem risco de vida. De certa maneira, o pressuposto é o mesmo de “Open Water”, com as cartas baralhadas e tornadas a dar.

Um grupo de amigos que não se vê em cinco anos reúne-se para o aniversário de Zach, a bordo do iate novo do mais bem sucedido do grupo, Dan. É um cliché, mas também uma oportunidade de ver gente bonita de biquini. Amy, que entretanto casou, vem com a filha bebé e com o marido, que não faz parte do grupo. Ela sofre de hidrofobia, e está reticente em ir no iate, mas quer parecer corajosa. É outro cliché, esse mais penoso de assistir. Vão todos dar um mergulho (até a pobre Amy, atirada à água por Dan) e apercebem-se de que ninguém desceu a escada do iate e não têm forma de regressar a bordo. Para complicar mais as coisas, a bebé ficou sozinha no barco.

O argumento é tudo menos original, mas não deixa de exercer a sua curiosidade, atraindo pela expectativa de ver como se safam os seis amigos à deriva. Infelizmente, o desenvolvimento é apenas esboçado. A rapidez das mudanças de ânimo, das atribuições de culpa, da escalada do pânico. Há demasiadas situações a precipitarem-se numa tarde. O frio, o medo do desconhecido, a incerteza e a frustração das diversas ideias que vão saindo goradas, fazem todo o sentido, mas a forma como o grupo vai perdendo elementos deixa muito a desejar. Inclusivamente, o final rebuscado podia quase funcionar, se ao menos tivesse menos dois minutos, os do twist. Devia ter acabado como o "Open Water". Seria um golpe no estômago, e era isso o que o filme precisava.

A realização é bastante rasteira e não capitaliza em nenhum elemento. parece um filme caseiro. A qualidade da imagem é digital granulada, os movimentos de câmara são pedestres, a representação é árida. Fica apenas a expectativa em saber como se salvarão os náufragos, se se salvarão, e quantos se salvarão. Esse é o motor de interesse, havendo pouco mais a oferecer.

A inépcia da realização chega ao cúmulo de não saber aproveitar os elementos que cria. por exemplo, a dada altura o grupo decide fazer uma corda com os fatos de banho, para tentarem chegar ao convés e subirem. Para tal, têm todos de ficar nus. Ora a câmara, que antes filmava os corpos dos náufragos com naturalidade, de corpo inteiro, ficou subitamente púdica e a enquadrá-los apenas dos ombros para cima ou de costas, e de cada vez que um homem mergulhava e era apanhado de corpo inteiro, esforçava-se em nadar sem que se lhe visse o sexo, adoptando posições de bailado pouco convencionais.

Dos actores, desconhecidos para o público em geral, destacam-se Eric Dane, que apareceu este ano em "X Men The Last Stand" como Multiple Man (e em "Feast", produzido por Ben Afleck e Matt Damon), e Susan May Pratt, uma morena deslumbrante que ainda não conseguiu um papel de protagonista, mas merecia-o. E quando tira o colete salva-vidas, vê-se que ainda mantém o corpo escultural que tinha em 2000, quando entrou no filme de bailado adolescente "Center Stage".

Armadilha em Alto Mar, de Hans Horn

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