Dois anos depois de John Carpenter ter reintroduzido o tema dos assassinos psicopatas e de Dirty Harry já andar a matá-los há uma década (com a sua poderosa .44 Magnum), William Lustig faz do psicopata o protagonista. Um ilustre desconhecido com 1,90m passa as suas noites a matar mulheres em NYC e arredores e o resto do tempo a conversar com os manequins de loja que tem no seu apartamento (que ele veste com as roupas das mulheres que mata e lhes põe perucas com o próprio escalpe das vítimas), situado numa cave em Nova Jersey com as paredes pintadas de lilás.
Até aqui, tudo bem, porque William Lusting consegue imprimir algum suspense às cenas de stalking e homicídio, mas aos 49 minuto de duração, o filme faz uma curva para o imponderável. O Maníaco vê uma mulher tirar-lhe uma fotografia, no Central Park, e descobre onde ela mora. Vai visitá-la ao seu duplex e começam a conversar, já que ela é fotógrafa profissional, e chegam a sair para jantar duas vezes. Mas ela é muito bonita e sofisticada e ele é um monstrengo com ar bexigoso, gorduroso e mal vestido. Acreditar que ela sairia com um desconhecido com este aspecto (já para não falar de deixá-lo entrar em sua casa) tira toda a credibilidade ao argumento.
O final, então, é inacreditável. Mas que fartote. O Maníaco leva a fotógrafa ao cemitério onde a mãe está enterrada, de noite (há uma máquina de fumo branco a dar ambiente), tenta matá-la mas ela agride-o com uma pá (esses coveiros distraídos...) e foge. Ele então entra em espiral esquizóide, a mãe sai da campa para estrangulá-lo, volta para casa e os manequins ganham vida (são as mulheres que ele escalpelou) e matam-no. A seguir é de manhã e a polícia vai a casa dele, de arma e punho, com certeza alertada pela fotógrafa, e dá com ele ensanguentado, deitado na cama. Guardam as armas, olham em redor e fecham a porta, quase com delicadeza, ao saírem. Claro que o maníaco abre os olhos antes do ecrã escurecer e os créditos finais subirem. Mas o que é cómico é que os polícias nem sequer verificaram se ele estava vivo, nem vasculharam a casa, limitaram-se a entrar, vê-lo deitado e saíram.
Quanto a motivação, Hitchcock já explicara em Psico que a culpa é sempre das mães, e aqui não se foge à regra. O Maníaco passa metade do tempo a falar sozinho, dizendo idiotices que não chegam nunca a fazer sentido, mas lá são introduzidos os indícios suficientes para que se perceba.
Joe Spinell tem uma longa carreira de papeis de bruto (Rocky I e II, O Padrinho I e II) mas aqui tem um dos seus únicos papeis de protagonista. William Lustig (mais conhecido pela trilogia Maniac Cop) voltou a usá-lo em Vigilante (num papel secundário). Spinell faleceu em 1989 de ataque de coração, precisamente quando se preparava para filmar Maniac 2, para o qual conseguira financiamento ao fim de anos de angariação. Existe uma curta-metragem de 10 minutos, que foi feita com o intuito de interessar patrocinadores. Como curiosidade, O serial killer John Wayne Gacy, na prisão, elegeu-o para o interpretar no cinema.
Os efeitos especiais de Maníaco estão a cargo do lendário Tom Savini, mas nota-se que lhe pagaram muito pouco pelos seus préstimos, e talvez o pequeno papel que representa como Disco Boy (pela idade dele, deveria ser Disco Man, mas enfim) fizesse parte do pagamento. A título de exemplo, a primeira vítima é esfaqueada na garganta, mas apesar de a faca fazer sangue, o pescoço não apresenta nenhum golpe conforme a faca passa de um lado ao outro. Tom Saviny parece não ter envelhecido um dia desde 1980 – Robert Rodriguez é um fã do seu trabalho e deu-lhe dois pequenos papeis emAberto Até de Madrugada e Planeta Terror.
A música é da autoria de Jay Chattaway, que nos anos 80 fez inúmeras bandas sonoras de filmes de terror. O seu underscoring é agradável, mas quando é suposto trabalhar o suspense, agride mais os ouvidos do que o maníaco.
Maniac 1980
O final, então, é inacreditável. Mas que fartote. O Maníaco leva a fotógrafa ao cemitério onde a mãe está enterrada, de noite (há uma máquina de fumo branco a dar ambiente), tenta matá-la mas ela agride-o com uma pá (esses coveiros distraídos...) e foge. Ele então entra em espiral esquizóide, a mãe sai da campa para estrangulá-lo, volta para casa e os manequins ganham vida (são as mulheres que ele escalpelou) e matam-no. A seguir é de manhã e a polícia vai a casa dele, de arma e punho, com certeza alertada pela fotógrafa, e dá com ele ensanguentado, deitado na cama. Guardam as armas, olham em redor e fecham a porta, quase com delicadeza, ao saírem. Claro que o maníaco abre os olhos antes do ecrã escurecer e os créditos finais subirem. Mas o que é cómico é que os polícias nem sequer verificaram se ele estava vivo, nem vasculharam a casa, limitaram-se a entrar, vê-lo deitado e saíram.
Quanto a motivação, Hitchcock já explicara em Psico que a culpa é sempre das mães, e aqui não se foge à regra. O Maníaco passa metade do tempo a falar sozinho, dizendo idiotices que não chegam nunca a fazer sentido, mas lá são introduzidos os indícios suficientes para que se perceba.
Joe Spinell tem uma longa carreira de papeis de bruto (Rocky I e II, O Padrinho I e II) mas aqui tem um dos seus únicos papeis de protagonista. William Lustig (mais conhecido pela trilogia Maniac Cop) voltou a usá-lo em Vigilante (num papel secundário). Spinell faleceu em 1989 de ataque de coração, precisamente quando se preparava para filmar Maniac 2, para o qual conseguira financiamento ao fim de anos de angariação. Existe uma curta-metragem de 10 minutos, que foi feita com o intuito de interessar patrocinadores. Como curiosidade, O serial killer John Wayne Gacy, na prisão, elegeu-o para o interpretar no cinema.
Os efeitos especiais de Maníaco estão a cargo do lendário Tom Savini, mas nota-se que lhe pagaram muito pouco pelos seus préstimos, e talvez o pequeno papel que representa como Disco Boy (pela idade dele, deveria ser Disco Man, mas enfim) fizesse parte do pagamento. A título de exemplo, a primeira vítima é esfaqueada na garganta, mas apesar de a faca fazer sangue, o pescoço não apresenta nenhum golpe conforme a faca passa de um lado ao outro. Tom Saviny parece não ter envelhecido um dia desde 1980 – Robert Rodriguez é um fã do seu trabalho e deu-lhe dois pequenos papeis emAberto Até de Madrugada e Planeta Terror.
A música é da autoria de Jay Chattaway, que nos anos 80 fez inúmeras bandas sonoras de filmes de terror. O seu underscoring é agradável, mas quando é suposto trabalhar o suspense, agride mais os ouvidos do que o maníaco.
Maniac 1980
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