Um elemento indissociável dos filmes de terror asiáticos prende-se com longas cabeleiras negras, que ora cobrem misteriosamente rostos maléficos, ora se espalham como ondas pelo tecto de armários com cheiro a alma penada. Mais do que um anúncio Vidal Sassoon, esta é uma imagem de marca da beleza oriental, onde os cabelos nunca encaracolam naturalmente.
Sion Sono (Clube Suicida, 2002) partiu desta ideia e eliminou o intermediário humano, que seria apenas um saco para o cabelo se desenvolver e fazer maldades. Infelizmente, optando por desenvolver o conceito sozinho, Sion Sono tornou evidente a falta que um cérebro faz por baixo do couro cabeludo. Exte: Hair Extensions revela-se como um único gag que, uma vez esgotado, denuncia todas as falhas de um argumento feito em cima do joelho.
Uma montagem mais rápida, que encurtasse diálogos inúteis e reduzisse os momentos mortos ou irritantes (todo o subplot sobre a irmã prostituta que agride a filha e rouba a irmã), permitiria uma experiência mais satisfatória, ainda que o material em si nunca chegue a ter peso. Os flashbacks introduzem o tema do tráfico de órgãos, sem nada explicarem sobre a origem do cabelo assassino. Mas, enfim, quando o cabelo chega através de fax à casa da vítima, torna-se claro que a história nunca teve o rumo pensado e disparou em todos os sentidos, da comédia ao surrealismo, com meras pitadas de terror e muita obsessão. Convém dizer que a maioria dos efeitos pilosos se obtiveram através de animação fotoestática (stop motion) e não por computador, apesar dos bons resultados. E trabalhar com cabelo deve ser tão difícil como com animais.
Com Chiaki Kuryama, a actriz japonesa que em Kill Bill Vol. I vestia uniforme escolar e tinha por arma uma go go ball.
Ekusute 2007
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