Wednesday, November 19, 2008

A Maldição do Vale, de Christophe Gans


A Maldição do Vale baseia-se na saga de videojogos Silent Hill, circunscrevendo-se no mesmo género de “sobrevivência ao terror” que Resident Evil. As adaptações de videojogos para cinema são actualmente mais do que as mães (Alone in the DarkDoom – SobrevivênciaFinal Fantasy), pelo que este projecto ou se distanciava dos demais ou era engolido pelo ralo.

Não é pela história que o gato vai às filhoses. Nada podia ser mais banal do que uma mãe em busca de uma filha presa num lugar distante, perdido na neblina, onde há monstros e outras criaturas desconhecidas. E, depois de ser banal, o enredo chega ao ponto de tornar-se bacoco, quando recorre à enésima utilização das bruxas de Salém, que não faziam cá falta nenhuma, e a meninas maltratadas com o poder do demónio.

O realizador Christophe Gans (A Irmandade dos Lobos, Crying Freeman e uma curta-metragem em Necronomicon) decidiu então concentrar-se no campo gráfico, adoptando o estratagema de perturbar com imagens e sugestões que são reforçadas pelo departamento de som e pela banda sonora atenta. O design das criaturas e a forma de filmar as sequências em que entram é emocionalmente eficiente, aumentando o supense e o seu impacto.

Contudo, impera a sensação de um objecto demasiado decorativo, visto a personagem principal, a mãe da menina perdida, safar-se demasiado airosamente dos perigos medonhos com que é confrontada. É certo de que ela é muito mais humana do a personagem de Milla Jovovich em Resident Evil, mas não faria mal que se esforçasse mais um pouco por manter-se viva, em vez de simplesmente haver portas para fechar ou realidades paralelas por onde saltitar. O momento final do filme é para ver com grande atenção. É muito discreto, mas a diferença de luminosidades é suficiente para nos fazer perceber que o final poderá não ser propriamente feliz.

Uma curiosidade: a banda sonora do filme não foi especialmente composta para este; em vez disso, procedeu-se a uma compilação de música original feita para os quatro jogos da saga “Silent Hill” e o compositor Jeff Danna (Resident Evil II) fez os arranjos e adaptações para que estas encaixassem nas cenas. O resultado é curioso e não tem ainda edição comercial. Circula na Internet, obviamente, uma versão pirata.

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