Wednesday, November 19, 2008

Hitcher In The Dark, de Humphrey Hubert


Originalmente um autor do movimento exploitation Giallo dos anos 60/70, Umberto Lenzi pôde assim ser comparado a nomes como Mario Bava, Lucio Fulci e Dario Argento, com títulos como Cannibal Ferox, mas rapidamente os seus filmes foram passando de maus a piores. Para assinar este Hitcher in the Dark, socorreu-se de um estranhíssimo pseudónimo: Humphrey Hubert.

A história, dita em voz alta, é risível: um maníaco de 22 anos atravessa a zona de praias da Virgínia numa caravana de campismo e rapta (para mais tarde violar e matar) jovens loiras que andem à boleia. A justificação: a mãe abandonou-o quando ele tinha dez anos e ele sente saudades dela e quer transformar as raptadas em cópias da mãe, até ao pormenor de cortar-lhes o cabelo igual a uma foto da mãe que guarda consigo. Parece o Norman Bates, com uma caravana em vez de um hotel? Mas o que dizer de ele querer beijar, violar e fotografar nuas as jovens? Será daquelas coisas vulgares que se sonha fazer com as mães de quem se tem saudades? E escolher jovens loiras e de cabelo comprido para substituírem uma mãe trintona, morena e de cabelo curto...

Na disto faz sentido? Pois não, nem o resto. Atrás da principal jovem sequestrada anda o seu ex-namorado (ela apanhou-o a beijar outra e saiu disparada para a caravana do terror), a fazer de detective: por outras palavras, anda de jipe por todo o lado, a fazer perguntas a quem calha, e as respostas vão-lhe caindo no colo quando convém. Mas o seu destino vai ser idêntico ao do herói de O Padrasto Assassino, 1987 (este qualitativamente muito superior).

A protagonista sequestrada é a actriz Josie Bissett (regular da sérieMelrose Place, sem parentesco com Jacqueline Bisset (até o número de “t” no nome é diferente). O maníaco é um jovem baixote de risco ao lado e cara de menino da mamã, veste-se horrivelmente mal (T-shirts foleiríssimas com as fraldas dentro de calças de pregas) e não mete medo nenhum (nem mesmo com uns óculos Ray Ban enormes e espelhados a cobrir-lhe metade da cara). A enorme caravana de campismo que conduz é outro fiasco, não tem presença (é bom para passar despercebido, mas não para o objectivo do filme, que está pouco se borrifando por ter credibilidade). A vítima passa meio filme algemada à caravana, mas quando o namorado aparece, dois puxões e as algemas soltam-se imediatamente.

Em suma, não há mise-en-scéne, não há direcção de actores (se usou membros da família como actores, foi buscá-los ao lado da família que não sabia representar), os diálogos são péssimos (da autoria do realizador) e a música parece de elevador. O gore também está praticamente ausente, e poderia ter estado aqui a bóia de salvação para este filme falhado.

Paura Nel Buio 1989

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