Para se começar por aqui a crítica a um filme dito de suspense, já se percebeu que desse ingrediente o filme não tem muito. Efectivamente, P2 é um acumular de clichés do género stalker e nem os seios naturais da protagonista Rachel Nichols (sempre prontos a saltar do vestido apertado que, se não fosse já suficientemente revelador, ainda é encharcado por um revés do enredo) contam como novidade (The Amityville Horror, 2005).
Uma jovem executiva a trabalhar até tarde na véspera de Natal acaba por ser a última pessoa a deixar o escritório e dá por si retida dentro do prédio, com os cumprimentos do segurança nocturno do parque de estacionamento, que fez questão em ter companhia na consoada, drogando-a e trocando-lhe o traje de executiva pelo de odalisca. O resto do filme é ela a fugir e ele a persegui-la, mas sem imaginação, emoção ou criatividade.
Wes Bentley, para quem se imaginava um grande futuro após Beleza Americana, é o psicopata de serviço, mas não é convincente nem interessante. O papel é estúpido, mas ele ainda consegue despojá-lo de qualquer intenção; está ali para parecer intenso e debitar one liners de que até o Freddy Krueger se envergonharia. Rachel Nichols está lá para gritar e fugir, o que faz com desembaraço e vulgaridade.
O estreante Franck Khalfoun fez um curto papel (mais parecido com figuração, mas enfim) no filme de Alexandre Aja, Alta Tensão, e agora é co-argumentista de P2. Aja veio para os EUA realizar o remake de As Montanhas Têm Olhos e já é claro que, como argumentista, desconhece o conceito de lógica interna (quando a jovem está barricada dentro de um elevador, o psicopata inunda o cubículo com uma mangueira de incêndios; curiosamente, ela não morre electrocutada quando os fios e as luzes se molham e as portas do elevador continuam a funcionar) e de entretenimento (as soluções de fuga que a jovem encontra são muito pobrezinhas). Khalfoun tem uma mise-en-scéne mais discreta que Aja, mas igualmente aborrecida.
P2 2007
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