Wednesday, November 19, 2008

Os Renegados do Diabo, de Rob Zombie


O melhor que se pode dizer de Os Renegados do Diabo é que se trata de cinema de autor. Rob Zombie, vocalista dos White Zombies (extintos em 1998 quando Rob Zombie lançou o seu primeiro álbum a solo), construiu a sua entrada no meio cinematográfico como algo megalómano, mas o produto final revelou-se mais uma montanha que pariu um rato. Sem distribuidor entre 2000 e 2003, A Casa dos 1000 Cadáveres (rejeitado pela Universal e pela MGM) era um longo e penoso videoclip que se dizia de horror, mas que não chocava nem assustava, devido ao pastiche de técnicas de filmagem e ao completo desleixo pela história e pela direcção de actores.

Apesar disso, o entusiasmo de Rob Zombie pela 7ª Arte não abrandou, e ele contra-atacou com uma sequela. Os Renegados do Diabo tem os pés mais assentes no chão do que A Casa dos 1000 Cadáveres. É ainda um desperdício de película, com câmaras-lentas intermináveis e cansativas, música totalmente inadequada à emoção que a cena pretende expressar e um enredo que desbarata as suas possibilidades, mas apesar de tudo é patente uma paixão pelo produto filmado e um esforço de transmissão de uma ideia assente em bons enquadramentos, ainda que essa ideia seja apenas um conjunto de cenas de tortura com um fio condutor bastante ténue.

Com um resultado curioso mas displicente, Os Renegados do Diabo é um filme que confecciona bem as suas fatias, mas que não as sabe juntar de modo a oferecer um bolo decente. Por exemplo, descobre-se que a família de assassinos canibais retirou os seus nomes de um filme de Grouxo Marx, mas fica-se por aí, sem analogias nem trocadilhos; os nomes podiam ter sido decalcados de qualquer outro filme, livro ou canção, porque não têm qualquer significado. Sid Haig, que tinha sido memorável como Capitão Spaulding em A Casa dos 1000 Cadáveres, não tem aqui o que trincar.

The Devil’s Rejects, 2005

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