Wednesday, November 19, 2008

Alone, de Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom


Filmes de terror há que assustam de terror genuíno, e outros porque são simplesmente um horror. Sem originalidade ou uma única ideia criativa para além de um twist final roubado a meia dúzia de telenovelas brasileiras, Alone é do mais pobre que o subgénero de terror de irmãs siamesas pode oferecer. Saqueia de inúmeros filmes de terror asiático (de Ringu a Ju On) e até vai surripiar uma cena àMão Que Embala o Berço, de Curtis Hanson (1992).

Em 2004, os tailandeses Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom escreviam e realizavam um filme de terror intituladoShutter, que ia beber imenso a Sei O Que Fizeram No Verão Passado: um fotógrafo estranhava sombras invulgares em fotografias reveladas por si e acaba assombrado pelo fantasma que atropelara e fugira. Shutter tinha uma curiosidade idiota: o fotógrafo usava uma máquina digital Canon EOS mas depois metia-se numa câmara escura para revelar as fotos – o que é impossível com máquinas digitais, que não têm rolo de película para revelar; e não se coibia de, uma vez por outra, abrir a porta da câmara escura, como se isso não destruísse os negativos que revelava. Como tudo o que é vendido na Ásia como terror encontra um nicho nos EUA, Shutter já conta com um remake americano, de 2008, realizado por um japonês que nada tem a ver com o filme original.

O sucesso em território tailândês de Shutter levou a que a dupla se juntasse para uma segunda dose. Não se trata de uma sequela, mas mantém a abordagem no campo do sobrenatural. Infelizmente. Se ideias havia, foram todas adaptadas de outros filmes, especialmente de The Eye (o original, de 2002). Basicamente, o filme trata de uma irmã viva que tem visões da irmã siamesa morta. As visões sucedem-se, cada uma mais aborrecida do que a anterior, sempre servidas com ruídos irritantes: nas reflexões do espelho, a agarrá-la dentro da banheira, enforcada na ventoinha do tecto, a deixar um segundo conjunto de pegadas na areia. Mas rapidamente se percebe que as visões não passam disso mesmo, e que não fazem mal aos vivos. Então de que ter medo? Também temos direito ao inevitável psiquiatra a insistir até que a voz lhe doa que está tudo na cabeça da moça, e a um twist final tão pindérico que os estúdios brasileiros da Globo já lhe esgotaram todas as variações possíveis e imaginárias desde os anos 70.

Alone / Faet 2007

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