O concierge (uma espécie de John Waters, afectado e teatral) deveria ser a primeira indicação de que alguma coisa vai correr mal, mas o casal não lê os sinais. Aliás, não devem saber ler de todo. Uma vez no quarto, descobrem umas cassetes de VHS que se revelamsnuffs, vídeos caseiros filmados naquele quarto de hotel, onde casais de hóspedes são barbaramente assassinados por homens encapuzados que aparecem do nada, e percebem lentamente que estão em perigo. Apesar disso, permanecem ao máximo dentro do quarto, como se fosse um sítio seguro, e regressam lá a cada tentativa de fuga falhada. E, como não podia deixar de ser, o casal que já estava a tratar dos papeis do divórcio descobre o amor no meio do medo de morte. Patético? E não é pouco.
O Motel aguenta-se como filme de suspense na maior parte do tempo, desde que engulamos os sapos que o argumento cheio de buracos nos vai pondo no caminho. A gestão do espaço é rigorosa, e o novo Motel Bates vai fazer o que pode para aterrorizar os novos hóspedes. Mas, infelizmente, faz pouco. Quanto ao móbil dos assassinos, parece ser o lucro, ainda que duvide que haja muitoscheck-ins num sítio tão ermo, e claro que só podem atacá-los quando um só quarto está ocupado, porque a chinfrineira alertaria os outros, e além disso há segurança no número.
O primeiro filme em inglês de Nimrod Antal tem todos os ingredientes para ir directamente para vídeo, e talvez só o nome dos protagonistas tenha evitado que tal acontecesse. A originalidade inicial do argumento teria de ser compensada com um desenvolvimento à altura, mas a ausência de um pulso firme e personagens estéreis obrigava a outra abordagem, nomeadamente a um mergulho no pavor, o que nunca se verifica. O genérico do filme, gráfica e sonoramente, faz recordar os anos de ouro de Hitchcock, mas ao cabo de quinze minutos já o mestre ficou completamente para trás.
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