Na senda de agarrar tudo o que seja terror das terras do sol nascente e arredondar-lhe os olhos, o filme japonês Kairo, de 2001, foi mais uma vítima dessa avidez de Hollywood em fazer remakes a torto e a direito.
Kairo era uma história de fantasmas confusa e sem qualquer sentido, com fantasmas que apareciam através de computadores e telefones e deixavam manchas de sujidade nas paredes quando desapareciam, com fita adesiva vermelha a selar portas sem que esta fosse alguma vez explicada, com suicídios porque sim e um final de puro desenrascanso. Parece um filme de estudantes de cinema, meio experimentalista, completamente à nora, com um ritmo narrativo de caracol e uma falta de objectivo a toda a prova. O problema é que não era, o realizador já contava com uma vintena de filmes em carteira.
Pulse é o remake americano e diga-se, em boa verdade, que o enredo é muito mais coerente. Há um site na Internet que pergunta se queres ver um fantasma, mas não informa que é um portal entre os vivos e os mortos. Nem que se quiseres ver um fantasma, ele será a última coisa que verás...
O relacionamento entre os dois protagonistas é um pouco apressado e precipitado, mas não faz grande mossa. Passar-se o grosso da história dentro de um campus universitário faz mais sentido do que implicar toda a cidade de Tóquio, mas no final o mal vai espalhar-se como uma epidemia, seja onde se situe. o mal espalha-se pelos computadores, mas afinal é por todos os instrumentos eléctricos que emitem ondas. O que já não é novidade, a menina do Poltergeist já comunicava com os mortos através da televisão mal sintonizada.
O filme é suficientemente interessante e realizado para produzir alguma perturbação gráfica, de modo que se mantém à tona a maior parte do tempo, propondo suspense razoável num ambiente estilizado de sombras e medo. Se as explicações não fossem tão vagas como no original, e o modo como os protagonistas se safam de situações idênticas a outras em que a morte encontrou sem entraves os figurantes, só pelo facto de serem protagonistas...
No fundo, é um remake que soube dar a volta à maior parte das inconsistências do original, sombrio e assustador q.b., capaz de aguentar-se no campo da fotografia e da cenografia e com representações que não desmerecem. De notar Christina Millian, a cantora de hip hop, como secundária.
No comments:
Post a Comment