Hostel foi o filme seguinte de Roth, sendo financeiramente bem sucedido em celulóide e DVD. Apanhando o público e a crítica desprevenidos, aproveitou-se do mesmo efeito que Saw e foi celebrado por não se estar à espera dele. Estava criado o géneroporno torture. O facto de Roth realizar e escrever a sequela transmitia a ideia de que pretendia continuar a dominar o produto e que não era sua intenção franchisá-lo.
Hostel tinha uma história simples. Três turistas de mochila às costas vão para a Eslováquia à procura das mais belas mulheres do mundo, que estariam empilhadas num pequeno hostel, prontas a usar, mas afinal tinham sido atraídos a um clube secreto onde quem paga, tortura (e não lhes cabia a eles torturar).
Tão narcisista como o seu padrinho Quentin Tarantino, produtor executivo de ambos Hostels (e que lhe deu um papel em À Prova de Morte) Eli Roth tem, infelizmente, mais garganta do que ideias. Haverá alguma reviravolta que justifique a sequela? Os três turistas masculinos são substituídos por turistas femininas, da mesma idade deles; em vez de duas manequins que os atraem ao matadouro (é o mesmo sítio) há apenas uma; a gang do jardim-escola ainda por lá anda a roubar; e conhecemos dois aspirantes a assassinos (ambos saídos da série Donas de Casa Desesperadas) e o método de licitação online.
O tratamento dado às personagens é infeliz. As três protagonistas não criam qualquer empatia com o público (são cabras ou semi-cabras), pelo que o seu destino nos é indiferente; se forem mortas, paciência, se se safarem, bocejo. Se estão à espera que alguma se dispa, lamento desiludi-los... apenas a mais feia de todas o faz. A relação e o volte-face dos dois torturadores é curiosa, mas não mais do que isso. Sabemos que o clube tem tentáculos mafiosos espalhados pelo mundo, mas permanecem um mistério. Mais importante do que isso, infelizmente as formas de tortura não são esteticamente interessantes.
As bilheteiras de Hostel 2 secaram rapidamente. O Filme Captivityfoi um fiasco. Anuncia-se o fim, ou pelo menos a estagnação, dotorture porn. Esperemos que seja tempo de reflexão para Eli Roth, que ainda não fez nada para merecer o estatuto que se auto-atribui.
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