Wednesday, November 19, 2008

O Exorcismo de Emily Rose, de Scott Derrickson


No ano em que se fez uma prequela ao filme “O Exorcista” de William Friedkin, e numa época em que os filmes de terror parecem brotar como cogumelos, surge este filme que tenta capitalizar tão descaradamente no tema que o escarrapacha no título.


Sem subtileza de qualquer tipo, avança com o que considera uma abordagem diferente, mas não passa de um travesti para um objecto híbrido e indistinto que, por isso mesmo, nada é. Entre o drama de tribunal e o relato de uma possessão demoníaca, não se define verdadeiramente e por isso chafurda na mediania e raia a mediocridade.

Um padre católico é acusado de ser responsável pela morte de uma jovem de 19 anos por esta ter falecido em resultado de um exorcismo nela praticado. Em tribunal, o padre vai contar o drama da possessão da moça e vão ser ouvidos argumentos a favor e contra. As manifestações da possessão (em sofríveis flashbacks) não têm qualquer impacto nem surpreendem na sua banalidade e falta de inspiração. Há muitos gritos de olhos esbugalhados e algum contorcionismo, mas pouco mais.

Sem grandes efeitos especiais nem tentativas de capitalizar no suspense ou no terror para além da música incomodativa do outrora brilhante Christopher Young ("Hellraiser"), o filme arrasta-se pesadamente, sem se decidir sequer por uma abordagem argumentativa (a sala de tribunal poderia servir de palco a algum duelo entre advogados, apresentados inicialmente como combativos e resolutos) ou interrogar-se sobre os dogmas da religião católica (se a maioria da população do globo é católica e acredita em Deus e no Diabo, poderá o exorcismo ser considerado crime?).

Para piorar as coisas, há um final feliz. Eu não disse que o padre era absolvido, atenção...


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