Remake, produzido por Joel Silver e Robert Zemeckis, de “A Casa de Cera” (com Vincent Price e Charles Bronson) de 1953, o qual já era um remake de “O Mistério do Museu de Cera” 1933 (realizado por Michael Curtiz e com Fay Wray). Mas, enquanto que os dois primeiros filmes partilham o mesmo argumento sobre um escultor de figuras de cera famoso que abre um museu de cera numa grande metrópole, recorrendo a cadáveres roubados da morgue como matéria prima, o novo remake partilha com eles apenas o título.
Não significa isso que haja originalidade na nova versão. O que há é um descomunal roubo, não de cadáveres, mas de ideias. Praticamente nenhum dos clichés do género foi esquecido: adolescentes a acamparem num bosque e a serem atacados por um serial killer, um jipe à noite com faróis ameaçadores, uma sala cheia de instrumentos de cirurgia cortantes, um assassino sem expressão por trás de uma máscara, e muita carne para canhão.
Ainda assim, se a originalidade num filme de terror pode ser (e é) uma mais-valia, não é de modo nenhum essencial. Especialmente se tivermos em conta que se trata de um remake de um remake.
Aquilo que funciona é a honestidade patente na simplicidade da obra. Este pequeno filme de terror não tenta ser mais do que isso, e portanto funciona na perfeição. Os sustos estão lá, o receio pelos personagens é atingido na maior parte das vezes (à parte no caso de Paris Hilton, que toda a gente quer ver morta, por ser tão vaidosa, fútil e inútil), as situações de perigo estão bem trabalhadas. Até a casa do(s) assassino(s) se situa numa encosta a poucas dezenas de metros do museu de cera, um pouco ao jeito da casa dos Bates que ficava perto do motel de que eram proprietários em “Psycho”.
O Museu, em art deco, é arquitectonicamente atraente, e só é pena que o seu interior seja tão menosprezado. O número de esculturas conta-se pelos dedos (claro que compensa noutros locais, mas no local de eleição, o museu, está pindérico).
Elisha Cuthbert já experimentou a comédia romântica (A Rapariga do Lado), mas está de volta ao meio em que se notabilizou: na série televisiva “24” a sua vida corria constantemente perigo. Paris Hilton tem um reality show e faz cameos em dúzias de séries e filmes, mas deixa bem claro que ser milionária não é sinal de talento.
O realizador (em primeira obra) faz um bom trabalho, com alguns momentos de nível superior (nomeadamente quando cola os lábios da protagonista com super cola, lhe corta um dedo – não se esperava o arrojo – e no uso de um taco de basebol muito ao jeito da aplicação dada ao extintor do início do filme “Irreversível”) em que não são feitas concessões à censura (nos EUA, filmes para M/16 ou M/18 têm estatisticamente pouco público e por isso as produtoras tentam suavizar onde deviam arriscar). Para algo que não passa de terror-pipoca, comporta-se à altura e não desilude.
Este filme não presta. O realizador manchou completamente a versão original de 1933.
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