John Shiban escreveu argumentos de Ficheiros Secretos, do spinoffThe Lone Gunmen, Enterprise, Harsh Realm, e Supernatural, para além da versão do Frankenstein realizada por Marcus Nispel (Texas Chainsaw Massacre 2003). Para abordar Rest Stop, Shiban diz que as suas principais influências foram Duel de Spielberg e The Hitcher de Robert Harmon, mas se eu disser que o filme se aproxima mais de Wolf Creek, não estarei a ser simpático.
Suficientemente competente do ponto de vista técnico e das representações (Jaimie Alexander e Joseph Lawrence, pelo menos), o filme deixa claramente a desejar no campo do argumento. A história está claramente nos antípodas de ser original e os incidentes que se sucedem são básicos e repetitivos, antes de fazerem uma curva estranha e se tornarem surreais e absurdos. A partir daí, ficamos à espera que a personagem acorde e tudo não tenha passado de um pesadelo. Não acontece bem assim, mas nem por isso o final é minimamente satisfatório.
Um par de namorados ruma à Califórnia num descapotável, mas quando param numa área de serviço para a jovem usar a casa de banho (um bloco de cimento ao fundo de um parque de estacionamento em terra batida), namorado e descapotável desaparecem. Pouco depois começa um jogo de gato e rato com um desconhecido numa carrinha pick-up artilhada.
É daqueles filmes em que a heroína faz tudo o que não deve: já depois de ter sido assustada, embebeda-se numa garrafa que encontra, mantém-se à vista num lugar iluminado em vez de esconder-se, entra sem a menor desconfiança numa caravana estranha como se um desconhecido tarado não fosse alerta suficiente a ter para com os seguintes, e pior do que tudo isso, senta directamente as nádegas na loiça imunda da retrete da casa de banho de serviço.
Os personagens secundários saíram todos da cartilha para iniciados em filmes de terror hillbilly, sem faltar um anão sem pernas numa cadeira de rodas a tirar fotos com uma velha polaroid e dois gémeos de fato e gravata a meio da noite, no meio do nada. Nem sequer falta o suposto herói que é removido do caminho num enlace anti-climático.
Quanto ao verdadeiro mau da fita, sem nome nem rosto, tem por missão aborrecer o público com a quantidade de vezes que a sua carrinha se mostra ameaçadora e dá meia volta, para voltar minutos mais tarde e repetir a operação. Quem se aborrecer com o ritmo lento e dois diálogos pastosos e intermináveis (que não levam a lado nenhum), pode distrair-se a contar o número de vezes a carrinha vai e volta.
Apesar de John Shiban pregar que o seu objectivo era fazer um filme de horror realista, os elementos oníricos (halucinações? Sonhos?) que incorpora aleatoriamente fazem com que Rest Stop, iludido pela sua própria fanfarronice, sabote o propósito inicial e enverede por campos que só o comprometem. E deixando demasiados pontos por explicar nunca é uma boa opção.
Uma nota à distribuidora portuguesa: era assim tão difícil intitular o filme Área de Serviço? É que Paragem Proibida – Morte à Vista é idiota demais. Uma de duas cerejas no topo deste bolo estragado. A outra é o cartaz oficial, onde se vê uma jovem descalça e de minissaia, mas a protagonista passa todo o filme de calças de ganga e ténis.Rest Stop 2006
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