Em 1978, o realizador Joe Dante realizou Piranha, um filme de terror onde cardumes de peixes devoradores atacavam uma estância balnear. O filme funcionava igualmente como paródia ao sucesso internacional de Tubarão (1975), tanto mais que os diversos cartazes promocionais eram semelhantes aos do filme de Steven Spielberg, apenas substituindo o tubarão por uma piranha gigante (ou várias, dependendo do poster). As piranhas tinham cara de Gremlin, filme assinado por Joe Dante seis anos depois. A Universal Pictures ameaçou processar a New World de Roger Corman (produtor dePiranha) por plágio, mas Spielberg gostou tanto de Piranha que o processo judicial foi abandonado. O filme viria a ganhar dois prémios Saturn em 1979, da Academy of Science Fiction Fantasy & Horror Films, incluindo Melhor Filme de Terror.
Após uma curta metragem de 12 minutos intitulada Xenogenesis(1978), em tempo de curso, James Cameron teve a sua primeira experiência na longa metragem com Piranha Parte 2, quando o primeiro realizador foi despedido pelo produtor executivo Ovidio G. Assonitis. James Cameron tinha sido inicialmente contratado apenas para supervisionar os efeitos especiais. Ao fim de uma semana de rodagem, discussões entre o produtor e Cameron determinaram que este viesse a ser proibido de ver o resultado das suas próprias filmagens e que a montagem se tenha processado à sua revelia. Supostamente, terá sido neste período que James Cameron terá adoecido, e a arder em febre sonhou o argumento de Exterminador Implacável (1984).
Apesar de James Cameron ter rescrito parte do argumento, a pressão de Ovidio G. Assonitis, que supervisionou as filmagens e a montagem, Piranha 2 é inane. Incapaz de atingir um único momento de suspense ou medo, fica-se por meia dúzia de ridículas e mal articuladas piranhas voadoras a atacarem figurantes isolados e uma festa na praia. As piranhas parecem papagaios voadores com as asas a baterem ao vento e vêm-se apenas algumas décimas de segundo de cada vez. Uma piranha, alojada dentro de um cadáver que é levado para a morgue e guardado numa arca frigorífica, pisca o olho a uma das cenas clássicas de Alien (1979), quando horas mais tarde sai do corpo e ataca quem a incomodou. Curiosamente, o peixe é tão grande que seria impossível ter sido transportado oculto dentro do cadáver. James Cameron viria a dirigir em 1986 a sequela, Aliens.
De banalidade em banalidade, o filme atinge o limiar da insuplantável falta de lógica da cena climática, em que uma instrutora de mergulho e um engenheiro bioquímico enchem um barco naufragado com dinamite, sendo que os detonadores foram previamente acertados para que a explosão se dê dentro de quinze minutos e o local está deserto. Sem que façam nada para atrair as piranhas, estas regressam todas a tempo de irem convenientemente pelos ares. É o que dá guiões escritos na casa de banho, efeitos especiais de garagem e realizações com cozinheiros a mais. Um festival de amadorismo trash.
Piranha Part 2 The Spawning
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