A banda sonora, da autoria de Brett Rosenberg (irmão do realizador), é com toda a certeza a parte iluminada deste filme cujo título original é “Meia Luz”. Move-se pelos belos cenários naturais da costa escocesa, das suas encostas agrestes e do hipnótico oceano, ambientes reconhecíveis nomeadamente em George Fenton, transportando, como o vento, paz, tristeza e suspense. Quem assistir a o filme de olhos fechados, não sairá defraudado.
Se os mantiver abertos, é porque foi ao cinema para ver Demi Moore. A actriz está muito bonita, passeando a sua maturidade com a classe que passou totalmente ao lado de Sharon Stone em “Instinto Fatal 2” (às vezes, a discrição é melhor do que o despojamento). Nota-se que fez alguma operação plástica ao rosto, visto que os seus lábios denotam algum alargamento, possivelmente motivado por um repuxamento da pele para os lados, e a menos que mexa um músculo, não se vêem rugas aparentes. Talvez por essa razão, a actriz esforça-se demasiado por manter uma expressão inalterada, quer esteja mortificada com a morte do filho, feliz por estar apaixonada, assustada porque há forças que se movem com a intenção de matá-la.
A antiga starlet do brat pack dos idos anos 80 (“Breakfast Club” e “St Elmo’s Fire”) teve alguns momentos altos no início dos anos 90 (“Ghost – O Espírito do Amor”, e “Uma Questão de Honra”) e após a má recepção de “Proposta Indecente” e “Disclosure”, conseguiu dar a volta por cima com os duvidosos “Striptease” e “GI Jane – Até Ao Limite”, que exploraram o seu físico musculado e a estabeleceram como a actriz mais bem paga da altura. Em 2003, ao interpretar a vilã da segunda entrega dos “Anjos de Charlie”, celebrou também o seu relacionamento com o actor Ashton Kutcher, bem mais novo do que ela.
O filme em si, se não exteriorizarmos a música ou a vontade de rever uma actriz há algum tempo desaparecida, é demasiado ridículo e previsível para ser valorizado. É uma história de fantasmas com e sem fantasmas, e essa irresolução é deixada para ser discutida pelo cinéfilo, o qual se limita a bocejar e a abanar a cabeça e a encolher os ombros. O absurdo do twist final (a mediocridade aposta sempre em twists finais como bóia de salvação) ainda inquina mais este projecto que não consegue ver o farol onde se passam momentos determinantes da acção e vai directinho contra os rochedos da costa.
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