A cena inicial faz antever o pior. Contudo, fá-lo da melhor maneira possível. A originalidade deste projecto não se descobre no seu resumo, mas mais concretamente na gestão do suspense. A tensão é literalmente de cortar à faca e o desenrolar dos acontecimentos é, na maior parte do tempo, credível. Sentimos os cabelos da nuca eriçarem-se e receamos pelos personagens. A manipulação dos nossos sentidos é total, e dispensa efeitos especiais, iluminação de estúdio e sons agudos e incómodos da banda sonora para nos fazerem saltar no lugar.
Apesar de um dos cartazes promocionais conter a presença de várias figuras ameaçadoras, é tal o poder de sugestão dos realizadores que durante algum tempo é lícito questionar se há apenas um agressor ou vários. Com a mesma capacidade de nos manter num elevado grau de concentração ao pormenor, o facto de veicular logo no início a informação de basear-se em eventos reais não nos impede de debater constantemente a dúvida de a ameaça ser humana ou fantasmagórica. E, mesmo depois de humanizá-los, fica a dúvida, por os cadáveres terem uma aparência impassível. Terá sido intencional? Em termos práticos, não funciona muito bem, mas se for uma piscadela de olho a maníacos homicidas como Michael Myers, da saga Halloween...
Eles é um filme surpreendente de intimidação, visualmente simples mas irrepreensível na sua capacidade de orientar-nos pelos tortuosos caminhos do medo.
A dupla de realizadores foi já contratada para realizar The Eye (2002) um remake do filme dos irmãos Pang, agora um veículo para Jessica Alba.
Ils 2006
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