Wednesday, November 19, 2008

A Casa dos 1000 Cadáveres, de Rob Zombie


O problema de A Casa dos 1000 Cadáveres é a sua indefinição. Não de género, porque se percebe rapidamente (nomeadamente pelo título) estarmos perante uma obra de horror, mas porque não segue uma história linear. Mais parece uma instalação vídeo, uma projecção amalgamada de diferentes efeitos de filmar e de distorcer imagens, baseando de modo extremamente livre no Massacre No Texas, de Tobe Hooper, ainda hoje um pioneiro do horror moderno.

A Casa dos 1000 Cadáveres peca por ser demasiado pretensioso. Rob Zombie sabotou o próprio filme ao fazer dele um ritual de trivialidades mal concebidas, misturando uma simples história de inocentes numa casa de canibais com interlúdios oníricos que não juntam nada ao resto e assassinos que debitam uma oratória maçadora e vazia.

O design de produção está bem conseguido e Zombie sabe fazer enquadramentos invulgares, mas repete demasiado as técnicas ao longo do filme e a originalidade esfuma-se, juntamente com a curiosidade. E o facto de perder o rumo a meio e não voltar a encontrá-lo também não ajuda.

De entre as representações entre o sofrível e o irrisório, destaca-se a brilhante encarnação maligna de Sid Haig, no papel de Capitão Spalding. Rob Zombie deu seguimento à narrativa de A Casa dos 1000 Cadáveres com Os Renegados do Diabo, e é de notar que a actriz Sheri Moon passa a Sheri Moon Zombie nos créditos da sequela. No cast que não consegue manter uma cara séria encontra-se Erin Daniels, que seguiu depois para a série A Letra L.

Rob Zombie clamou a torto e a direito que os filmes de terror dos anos 90 eram fracos e que o seu projecto seria um regresso ao verdadeiro terror, mas de palavras ao vento não se alimenta este objecto sem impacto, com uma montagem MTV e actores inanes que debitam deixas insípidas. A três quartos da película, A Casa dos 1000 Cadáveres descarta a própria história (que já deu o que tinha a dar), e percebemos que nem sequer aflorou uma outra (as cinco cheerleaders raptadas) que apenas esboça. Se não tivesse plagiado filmes de terror e videoclips de Marilyn Manson suficientes como forma de apregoar qualidades que não tem, a cena inicial ainda quer dar uma piscadela a Pulp Fiction mas mais parece sofrer de treçolho.

House of 1,000 Corpses 2003

No comments:

Post a Comment