Thursday, January 22, 2009

Outpost, de Steven Barker

Um cientista contrata um grupo de mercenários que o conduzam a um bunker secreto no meio do mato, algures na Europa de Leste. Uma vez no local, o grupo é atacado por espectros e morto um a um. Parece um argumento de sonho, mas esse é o primeiro equívoco.
Uma história simples é um dos pilares do cinema de terror, mas convém respeitar sempre alguma lógica interna, ou a sua ausência revela-se um calcanhar de Aquiles. Uma vez no silo, os mercenários vão despertar uma força fantasmagórica que irá dizimá-los, mas há demasiada incorência nos métodos empregues. Sendo comprovadamente criaturas indestrutíveis, não se percebe porque umas vezes atacam a céu aberto e em formação miltar, enquanto que outras se aproximam das vítimas pela calada. Fica por entender também porque optam por atacar individuais, quando são uma força consideravelmente superior em número.
A falta de consistência e o final pouco original afundam o primeiro filme de Steven Barker, apesar da cinematografia cuidada e da presença de Ray Stevenson, o próximo Punisher.
Outpost 2008

Jack Brooks Monster Slayer, de Jon Knautz

Esta fita é um inclassificável pedaço de lixo, embaraçoso no panorama da comédia de terror série B pela sua excruciante mediocridade ao nível de enredo, diálogos, interpretações e efeitos especiais. Por muito que se insista que o realizador e o protagonista (que escreveram juntos o guião), apenas pretendiam homenagear o terror nonsense da segunda metade dos anos 80, a verdade é que para homenagear é preciso talento, e dizer que tal não abunda nesta produção é favor.

Trevor Mathhew não tem carisma, as suas conversas com o psiquiatra são entediantes e irrelevantes, assim como a sua relação com a namorada e um triângulo que não dá em nada. O título induz em erro, pois Jack Brooks não é um caçador de monstros e praticamente não há nenhum disponível para caçar. Espanta que Robert Englund se tenha mostrado indisponível para reprisar o papel de Freddy no remake de Pesadelo em Elm Street (2010), mas viu Jack Brooks como um passo na sua carreira (talvez se tenha arrependido entretanto).

Jack Brooks Monster Slayer 2008

Wednesday, January 14, 2009

Presas, de Darrel Roodt

Cujo com leões. Uma madrasta e dois enteados adolescentes são encurralados dentro de um jipe, durante um safari em África, quando o guia turístico é comido por leões. Apesar de ter o mérito de não perder tempo com grandes introduções (as feras alimentam-se ao fim de quinze minutos de película), o filme não tem mais nada a seu favor.

A relação é tensa entre a madrasta e a enteada, mas esse estereótipo é o menos. Três dias dentro de um jipe, sob o flamejante sol africano, provocariam insolação suficiente para matar de desidratação, mas aqui pouco mais faz do que estragar os penteados. E fica provado que uma madrasta é capaz de correr mais com um tornozelo torcido do que uma leoa em boa forma.

Poder-se-ia falar de um ou outro pormenor ridículo, mas estaríamos a deixar inúmeros de fora. No seu todo, Presas apresenta tão pouca credibilidade como falta de emoção. É um filme aborrecido e incongruente, cujo único ponto positivo é a presença de leões reais tão imponentes quanto o Aslan das Crónicas de Nárnia, que era feito em computador. Bridget Moynahan, cuja carreira despoletou em Coyote Bar (2000) e se tem mantido à custa de um filme por ano e de uma série televisiva (Seis Graus, 2006-2007) parece ter-se alimentado a pão e água para o papel, o que só perde pelo facto de já estar excessivamente magra antes do incidente. Peter Weller, que ficará no coração de muitos por ter interpretado RoboCop (1987), peca por mostrar-se apenas contrariado e não em desespero quando é informado de que a mulher e os filhos estão desaparecidos há um dia inteiro e que nenhum esforço será feito até ao dia seguinte.

O argumento, assinado pelo realizador e dois amigos, entre os quais Jeff Wadlow (realizador de Na Pele do Lobo e Até Ao Último Combate), é a coisa mais preguiçosa de que há memória, abusando da paciência e da lógica. Isto, associado ao sangue criado em computador e ao pormenor execrável da visão dos leões ser próxima da dos tubarões de Perigo no Oceano (1999), torna Presas numa experiência bacoca e desprovida de suspense.

No meio de tanto absurdo, alguns exemplos ilustrativos: três dias de insolação dentro de um jipe e os protagonistas ainda conseguem correr; só é lançada uma busca 24 horas depois do desaparecimento de quatro pessoas, incluindo um ranger florestal (nem os agentes da autoridade têm direito a tratamento especial); os leões saciaram-se com o corpo de um homem adulto e grandalhão, mas não arredam pé do mesmo sítio, mesmo sendo animais nómadas; após mostrar grande sangue frio para reaver as chaves do jipe a céu aberto, a madrasta entra em pânico e atira o jipe contra uma vala (momento gritante de laxismo); há um caçador furtivo de que todos parecem ter medo (um ranger deposita o marido dos desaparecidos à porta do caçador e acelera pela sua vida), mas quando este surge em cena é apenas uma montanha balofa e é fácil chegar a acordo com ele. A cena climática é o cúmulo.

Prey 2007

Jack Brooks Monster Slayer, de Jon Knautz

Esta fita é um inclassificável pedaço de lixo, embaraçoso no panorama da comédia de terror série B pela sua excruciante mediocridade ao nível de enredo, diálogos, interpretações e efeitos especiais. Por muito que se insista que o realizador e o protagonista (que escreveram juntos o guião), apenas pretendiam homenagear o terror nonsense da segunda metade dos anos 80, a verdade é que para homenagear é preciso talento, e dizer que tal não abunda nesta produção é favor.

Trevor Mathhew não tem carisma, as suas conversas com o psiquiatra são entediantes e irrelevantes, assim como a sua relação com a namorada e um triângulo que não dá em nada. O título induz em erro, pois Jack Brooks não é um caçador de monstros e praticamente não há nenhum disponível para caçar. Espanta que Robert Englund se tenha mostrado indisponível para reprisar o papel de Freddy no remake de Pesadelo em Elm Street (2010), mas viu Jack Brooks como um passo na sua carreira (talvez se tenha arrependido entretanto).

Jack Brooks Monster Slayer 2008

Sunday, January 11, 2009

Let The Right One In, de Thomas Alfredson

John Ajvide Lindqvist publicou o seu primeiro livro em 2004, precisamente Let The Right One In, e desde então tem publicado um livro por ano, tendo o segundo sido uma história de zombies, o terceiro uma compilação de histórias de terror e finalmente uma compilação de crónicas jornalísticas. Foi o próprio autor quem adaptou Let The Right One In para o cinema, ele que já tinha escrito também para séries televisivas. E foi mágico de rua. E comediante de stand up.

Let The Right One In tem uma premissa cativante. Oskar é um menino de doze anos que habita nas imediações de Estocolmo e sonha em vingar-se dos colegas que o humilham na escola. A nova vizinha do lado, Eli, uma menina da idade dele, revela-se uma oportunidade de crescimento, amizade e amor. Mas o facto de ela ter doze anos há bem mais do que doze meses pode ser uma complicação.

No mesmo ano da adaptação cinematográfica de Crepúsculo (publicado em 2005), chega da Suécia um drama muito mais interessante entre um menor e uma vampira. Oskar é ingénuo no que cabe a sentimentos e está numa idade em que não sabe o que é o amor, mas Eli é mais velha. Nunca nos é revelada a verdadeira idade dela, mas é patente que é franzina e recorre a um homem de idade, que a acompanha, para que mate por ela. Quanto mais se dá com Oskar, mais ela se comporta como uma criança. Esta interacção é interessante, mas levanta problemas. Se ela é uma jovem ou uma mulher, apesar do seu corpo, não terá necessidades que não podem ser satisfeitas por Oskar? Ou ter-se-á transformado antes de as hormonas da puberdade se desenvolverem?

O realizador Thomas Alfredson não tem experiência cinematográfica, e nota-se. Há nele uma preocupação técnica inegável e os enquadramentos são cuidadosos, adoptando um compasso melancólico e preocupando-se que este seja adequado à narrativa, mas infelizmente a metodologia arrasta-se na falta de intensidade, fazendo o filme circular demasiado tempo em ponto morto. Um pouco mais de ambição não teria feito mal nenhum.

Há cenas que desiludem, como a agressão de Oskar ao colega ocorrer em simultâneo com a descoberta de um cadáver nas proximidades; a acção não se concentra em nenhum dos eventos e ambos saem diminuídos por essa inépcia. Há uma cena em que um homem desconfiado vai investigar a casa onde Eli mora; mas surge dentro da casa como se se tivesse teleportado, não se percebendo como entrou numa casa estranha cuja porta estaria compreensivelmente trancada. Também a brutalidade da cena na piscina faz torcer o nariz à dificuldade que Eli demonstra em dominar as duas vítimas anteriores.

História de amizade e marginalização, Let The Right One In tem momentos deliciosos na aproximação entre Eli e Oskar, como o diálogo sobre o facto de namorarem não mudar nada entre eles ou os pequenos sacrifícios que Eli faz para que Oskar goste dela. E tem o mérito de apresentar, pela primeira vez, o que pode acontecer a um vampiro se entrar numa casa sem ser convidado.

Apesar de tratar-se de um filme actual e ter sido premiado em inúmeros festivais internacionais, a Overture Films e a Hammer Films adquiriram já os direitos e preparam um remake falado em inglês, a realizar por Matt Reeves, realizador de Cloverfield. Espera-se o pior, já que Cloverfield não se caracterizou pela menor subtileza. E ainda pesa na memória recente o remake apressadíssimo de [Rec] (2007), Quarentena (2008).

Låt den rätte komma in 2008