Thursday, February 14, 2019

Um Lugar Silencioso, de John Krasinski

Acabaram-se os vizinhos que ouvem música alta toda a noite, aqueles que aspiram a casa antes do cantar do galo e todos os outros humanos que foram devorados pelos monstros de outro planeta de que a família protagonista tenta proteger-se não fazendo barulho. É uma mistura de Sinais (2002), de M. Night Shyamalan, e de Não Respires (2016), com o primeiro a fornecer o cenário rural e a simplicidade da solução final e o outro a, simplesmente, convidar ao silêncio.

A Platinum Dunes de Michael Bay continua a dedicar-se ao terror de baixa categoria, mas parece ter encontrado ouro ao convidar John Krasinski a participar num projecto sobre uma família que tenta sobreviver num mundo pós-apocalíptico onde monstros são atraídos pelo som. Emily Blunt convenceu o marido a ultrapassar a sua relutância em fazer terror e ignorar a proximidade das filmagens da série Jack Ryan para não só interpretar, como dar retoques no guião, realizar e escolhê-la para representar a própria esposa. E aqui se extingue a curiosidade sobre Um Lugar Silencioso.

Cingindo a sua narrativa ao básico “não faças barulho que o monstro come-te”, Krasinski entretém-se com o dia a dia da estrutura familiar protagonista, onde se anda descalço e comunica por linguagem gestual, para não atrair os predadores, indo até à cascata próxima para berrar abafados pelo som da água, apesar de habitarem uma quinta com uma larga área alimentada a electricidade gerada, supõe-se, por um gerador que também devia abafá-los sem terem de ir tão longe. Família de quatro e com um a caminho, aposta-se tudo na cena do parto sem assistência, epidural ou som, com prego no pé incluído, mas não chega. 

Esteve quase a pertencer à franchise Cloverfield, mas acabou por ser um standalone, os nomes no cartaz ajudaram ao marketing, mas Um Lugar Silencioso é uma fita de terror série B sem novidades nem surpresas, uma das quase é a desclassificante quebra de credibilidade ao escolher aleatoriamente os ruídos seguros e perigosos, ao mesmo tempo que adverte contra todos, quebrando assim a sua regra de ouro. Também a força dos monstros varia conforme as necessidades, ora abrindo um buraco circular numa placa de aço reforçado da parede do reservatório de sementes para obter passagem, para logo de seguida não ser capaz de arrancar o tejadilho de um jipe, para se alimentar de duas crianças, apenas abanando e amolgando o veículo ao cabo de diversas tentativas.

A Quiet Place 2018

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