Sob a capa de basear-se em factos e imagens reais, Em Águas Profundas (2003) foi uma pequena atracção por misturar o fascínio por tubarões com a ilusão da found footage. Dois turistas abandonados durante vinte e quatro horas em alto mar tinham de conviver com tubarões até serem resgatados ou comidos, filmando o arrastar das horas com a pequena câmara com que apenas queriam registar as férias. Este é praticamente o resumo de Em Águas Profundas 3 (2017), que não traz nada de novo para além de algumas décimas de segundo com tubarões maiores, porque os efeitos especiais ficam baratos abaixo do primeiro minuto.
Desde Jaws (1975) que o medo de entrar na água é inversamente proporcional ao de ver tubarões no ecrã e é por isso que a máquina continua a produzi-los. 2017 deu à costa The Shallows, 47 Metres Down e Open Water 3, em qualidade decrescente e começando pelo menos mau. Curiosamente, os dois últimos mencionados iniciam a aventura dentro de uma jaula anti-tubarão, mas Open Water 3, que a menciona no título (Cage Dive), descarta-a imediatamente, optando pela natação à superfície. O filme é igualmente descartável.
Como parte de uma trilogia, saliente-se que Em Águas Profundas 2: Armadilha em Alto Mar (2006), nada tem a ver com as outras duas partes, porque não tem a ver com tubarões nem é filmagem amadora. Tudo indica, aliás, que o filme Adrift foi comprado pela distribuidora americana de Em Águas Profundas e esta, num golpe de marketing, lhe colou o prefixo. Quem quiser ver turistas recearem ser comidos em alto mar, pode optar por The Reef (2010), de um realizador que se estreou com um crocodilo, em Black Water (2007).
Por fim, uma nota anedótica à informação veiculada no início de Open Water 3, sobre uma câmara subaquática ter sidoencontrada em 2015 e o seu conteúdo ser gráfico. Presume-se que o real significado de gráfico escape ao editor.Também anedótico é os eventos passarem-se em alto mar, mas a câmara ser encontrada entalada num coral a dois metros de profundidade.
Open Water 3: Cage Dive 2017
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