Thursday, February 14, 2019

Às Cegas, de Suzanne Bier

Face ao sucesso de Um Lugar Silencioso (2018), os estúdios rapidamente procuraram um projecto rival e, se os primeiros não podiam fazer barulho para não serem ouvidos por extraterrestres carnívoros, a Netflix encontrou um onde as pessoas tinham de andar vendadas para não serem levadas ao suicídio por aspiradores de folhas invisíveis. Curiosamente, ambas produções deram os primeiros passos em 2013, no caso de Às Cegas com o livro de estreia de Josh Malerman, no de Um Lugar Silencioso com um guião independente. A dinamarquesa Suzanne Bier, depois do êxito da série O Gerente de Noite (2016), avançou para trás das câmaras.

Sandra Bullock é a protagonista, John Malkovich um chamariz, Sarah Paulson um favor e Trevante Rhodes um bónus. Parminda Nagra faz de médica, porque é o que sabe fazer (quem jogava como Beckham era a Keira Knightley), mas acumulou uns quilos desde E.R. De resto, Às Cegas é um pastiche pouco original de Noite dos Mortos Vivos (1968) e The Happening (2008), onde forças invisíveis levam ao suicídio em massa e um grupo de desconhecidos se tranca numa casa para fugir ao perigo. 

Desta vez, o perigo é olhar para certas e indeterminadas criaturas que conduzem à loucura e ao suicídio, a menos que se seja já louco, condição que permite identificar beleza nas ditas e conduz a um desejo incontrolável de que outros também as vejam, com consequências previsíveis. Claro que, num mundo de cegos, quem tem um olho é rei e as criaturas devastam as ruas, mas não entram, por alguma razão, dentro das casas que tenham as persianas para baixo. Já dizia Ken Jeong num episódio da série Community: o fogo não atravessa portas, não é um fantasma. A solução final também está longe de ser original, mas vamos deixá-la invisível para que possam cegar quando a virem.

Bird Box 2018

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