Filme de fantasmas para arquitectos. A casa onde se passa a trama existe realmente e permite visitas diárias a turistas, chama-se The Winchester Mystery House, situa-se em San José, Califórnia, e tem dez mil janelas, duas mil portas, quarenta e sete lareiras, quarenta escadas, treze casas de banho e nove cozinhas, ou assim diz a brochura. Esta mansão ao estilo vitoriano foi aumentada durante trinta e oito anos de construção contínua, sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia, correndo a lenda de que isto se deve ao facto de todas as vítimas de espingardas da marca Winchester, de que ela era herdeira como viúva do armeiro, virem clamar vingança e ela querer sossegá-las com uma última morada condigna.
Ao jeito dos Piratas das Caraíbas, saga que começou como uma atração nos parques temáticos da Disney, Winchesteré uma forma de aproveitar a mansão já dita assombrada pelo folclore local e expandir na lenda com uma história de terror. Pela impossibilidade de filmar dentro da casa verdadeira, a mesma foi reproduzida em diversos estúdios, o que não impediu a Lionsgate de, ao comprar os direitos sobre o aspecto da propriedade, passar a impedir os turistas de a fotografarem. Talvez esta ganância não tenha agradado a um dos espíritos, que destruiu grande parte dos cenários. Estou a brincar, a maldição não é real. E os turistas já eram proibidos de fotografar o interior desde 1989.
O guião de Tom Vaughan foi revisto pela dupla de gémeos realizadores e não se sabe quem estragou mais a pintura, mas o guião é fraco e a realização serviçal. De notar que o par de australianos nascidos na Alemanha é apressado a puxar o gatilho (Undead, 2003, e Daybreakers, 2009), mas desenvolveram uma superior adaptação de um conto de Robert A. Heinlein (Predestiation, 2014). Contudo, a sua entrega para a saga Saw (Jigsaw, 2017) não trouxe nada de novo e Winchester é novo retrocesso.
Winchester 2018
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