Thursday, February 14, 2019

Aniquilação, de Alex Garland

Filme de ecorror, ou horror ecológico. Quando um metreorito cai na Terra, forma-se uma redoma de energia ao seu redor e quem lá entra não sai. A não ser o marido da cientista que decide acompanhar a próxima expedição para entender o que lhe aconteceu. A expedição é constituída por cinco mulheres e o cenário tem criaturas fantásticas, mas nenhuma diz piadas, pelo que não é novo reboot de Ghostbusters (2016), mas um meio termo teria vindo a calhar. Aliás,Ivan Reitman, realizador do original Ghostbusters (1984), dirigiu em 2001 Evolution, uma comédia de ficção científica sobre um organismo que chegava à Terra num meteoro e se desenvolvia, alterando a composição genética de outros seres terrestres e ameaçando a integridade do genoma humano, que é mais ou menos do que se trata aqui.

Segundo filme de Alex Garland (Ex-Machina, 2015), que escreveu três guiões para Danny Boyle (A Praia, 2000, 28 Dias Depois, 2002, e Sunshine, 2007) antes da fraca recepção de Dredd (2013) o convencer a passar para trás das câmaras. Se aquilo que se passa no interior da redoma for uma referência à actuação do cancro dentro do corpo humano, como alguns interpretaram, então o enredo foi beber à mesma água que O Último Capítulo (The Fountain, 2006) de Darren Aronofsky. A frase A auto-destruição está programada nas nossas células, faz parte da nossa biologia vai nesse sentido, mas esta interpretação não colhe, porque o filme não é sobre o futuro do homem mas do planetaa entrar numa nova fase evolutiva, onde não há destruição da fauna e da flora, mas a sua transformação num ecossistema vivo e activo, por refracção aleatória e generalizada de DNA dentro da redoma (e, eventualmente, do mundo)Se o homem desaparecer, neste cenário, será apenas porque não sobreviveu a uma etapa do desenvolvimento da Terra, que continuará a rodar sem olhar para trás. Claro que a lógica é contrariada lá para o desfecho, para que se fique a matutar sobre o que se viu, especialmente no que toca ao epílogo de aparente Adão e Eva. De lamentar, alguns facilitismos no decorrer deste processo, especialmente no que concerne à destruição total de tudo o que se encontra no interior da redoma por uma inexplicável reacção em cadeia iniciada por uma mera granada de mão, que não poupou nada por dezenas de quilómetros menos a protagonista, que saiu ilesa, independentemente de estar próxima da deflagração. A menos que Eva não seja quem aparenta ser e tenha outros planos, o que é muito rebuscado e contradiz o que se vê, mas quem é que não se recorda do icónico carro que cai por uma ribanceira e explode com um passageiro dentro, que mais tarde diz que saiu a tempo sem que a câmara o apanhasse.

Annihilation é um filme de ficção científica da Netflix, estrelado por Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson e Oscar Isaac, que já tinha trabalhado para Garland em Ex-Machina. Tem uma história simples e um desenrolar enfadonho, trabalhando a narrativa através das analepses de um interrogatório que tem o condão de confundir a linha cronológica (o interrogatório não tem lugar quando o marido é capturado, mas quando a heroina regressa da redoma) mas impede que se receie pela sobrevivência da personagem. Não há aqui nada de novo, apesar da tentativa de que se pense que sim.

Annihilation 2018

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