Dantes, quando se gostava muito de um filme, a regra era vê-lo e revê-lo. Agora, com remakes, prequelas e sequelas numa autêntica linha de montagem, Frankenstein tem uma noiva nova todas as noites. Mas, as mais das vezes, nem ele quer já casar com elas. Mais uma casa assombrada e uma família assustada, um velho que morreu numa cadeira de baloiço e não gosta de companhia infantil, quem é que o pode culpar de se voltar contra aquela que, não tendo ainda idade para sexo nem drogas, é, no entanto, apanhada na escola com um cigarro na mão. De resto, cumprem-se os clichés dos barulhos sem causa, dos brinquedos que se mexem sozinhos, das coisas pelos ares, dos crucifixos invertidos, da possessão com voz demoníaca e para o resto há um índice.
James Wan é um realizador e produtor sem mãos a medir. Desde que deu descanso à franchise Saw (realizou o primeiro em 2004 e produziu os seguintes até 2010), encontrou a de Insidious (2010, 2016 e 2018) e anda a espremer a de The Conjuring (2013, 2016), que já despoletou os spinoffs de Annabelle (2014 e 2017), da Freira e do Crooked Man(2018). Fora do terror, dirigiu as carecas de Diesel e Rock em Furious 7 (2016) e mergulhou em Aquaman (2018).
Se é inegável que se saiu bem em The Conjuring, nota-se o cansaço na gestão dos mesmos elementos na sequela, porque os artifícios estão esgotados e as franchises usam e abusam deles [por exemplo, o recurso ao tabuleiro de Ouija, que já tem duas franchises, Ouija (2014 e 2016) e The Ouija Experiment (2013 e 2015)]. Em The Conjuring 2, a entidade maligna desdobra-se no demónio Valak, na Freira dos olhos com icterícia e no Homem Torto, que mais parece uma variação do Homem Alto, angariador de criancinhas desde tempos imemoriais. A trama baseia-se num fenómeno mediático real de 1977, o poltergeist de Enfield, que a série The Haunting of Einfield detalhou em 2015. Mas, agora, com pipocas. Vera Farmiga e Patrick Wilson ao serviço, há que enfrentar o cepticismo com um exorcismo.
The Conjuring 2 2016
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