O título é enganador. Não há nada que chegue de noite senão, eventualmente, os sonhos de um dos personagens que, privado de sono reparador, confunde realidade e alucinação e é na sua palavra que se equilibra a sustentabilidade de uma casa na montanha partilhada por duas famílias durante um surto desconhecido. O preço da mentira, neste caso de duas, e a diferença entre uma mentira branca e uma, chamemos-lhe, à custa do seu emissor e respectivas consequências, negra.
Depois de Loving (2016), Joel Edgerton volta a ser cabeça de um casal inter-racial, tema que nunca é abordado nos diálogos, naquilo que poderá resumir-se como uma história de sobrevivência que, à americana, nunca poderia terminar pacificamente. É o segundo filme escrito e realizado por Trey Edward Shults, que muito foi elogiado pelo seu trabalho de estreia (Krisha, 2015) mas, desta vez, há que reprimir exageros nos louvores. A lentidão com que o enredo avança tem apenas justificação na indigência narrativa de um projecto sem muito para oferecer, passado num cenário já visto e que, em retrospectiva, se revela banal e pouco inspirador.
It Comes At Night 2017
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