Thursday, February 14, 2019

Chacais, de Kevin Greutert

Thriller sobre uma família que tenta desprogramar um filho que aderiu a um culto satânico e se vê cercada pela dita seita na sua casa de campo, a meio do processo. Como sempre, esta família tem os seus problemas internos e discute-os para encher chouriços, em directa oposição aos membros do culto, que nunca abrem a boca, limitando-se a imitar espantalhos retro-iluminados pelos faróis de carros, a aguentar a pose mais tempo do que conseguem reter a respiração. Utilizam máscaras inspiradas em animais e o líder da seita até tem um casaco com estilo, mas o aparente voto de silêncio reduz a narrativa ao banal «há assassinos lá fora, uma família em perigo cá dentro», quantos morrem e quem sobrevive. Até aí tudo bem, mas Kevin Greutert não sabe o que fazer com a falta de material e a falta de talento para a realização não ajuda.

Começa com um POV de invasão de domicílio que homenageia Halloween (1978), move-se para um rapto por pneu tão furado que admira ter demorado vários quilómetros a esvaziar e segue para a casa de campo. A seita dá com eles tão depressa quanto seria óbvio, já que foram para uma propriedade de família que fica próxima do local do rapto. As acções são a conta-gotas, argumenta-se e berra-se muito, há uma cena engraçada (mas que só acontece porque é filme) em que três mascarados coordenam, com as suas carrinhas, manobras para que uma das vítimas saia de debaixo de outra carrinha. De resto, os antagonistas nem quebram a janela da frente da moradia, de onde se assiste ao processo de amedrontamento e a breves incursões individuais ao interior, onde invariavelmente se vai descartando um figurante ou outro. Da série directo-para-vídeo, Chacais não merece o tempo que se lhe dispensa e serve de justificação para o esquecimento das carreiras de Stephen Dorff, Deborah Kara Unger e Jonhathon Schaech. Apenas quando estão off camera, os chacais uivam como meio de comunicação, mas apenas o fazem em duas breves ocasiões, pelo que o título continua tão aleatório como outro qualquer. À laia de spoiler, e a ler exclusivamente por quem quiser ser surpreendido pelo desfecho, ninguém se salva.

Jackals 2016

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