O filme mais francês de Paul Verhoeven tinha de estrelar a diva Isabelle Hupert, ou não se tratasse de um drama psicologicamente perverso com influências de Michael Haneke. Depois de estuprada na sua própria casa por um assaltante encapuçado, uma mulher recusa-se a ser vítima e, esticando a roupa amarrotada, segue para o trabalho, como de costume. Tomadas as necessárias providências de substituir as fechaduras e adquirir uma arma, está pronta para o jogo de gato e rato que levará à descoberta do seu agressor.
O produtor Saïd Ben Saïd sugeriu o livro de Philippe Djian Oh… a Paul Verhoeven, que imaginou o filme passado nos EUA e comissionou o guião ao argumentista norte-americano David Birke, mas todas as actrizes famosas que tentou aliciar rejeitaram-no peremptoriamente. Em França, Isabelle Hupert tinha lido o romance e mostrado ao produtor interesse em protagonizá-lo, sendo ela a sugerir Verhoeven como possível realizador. Não era preciso mais, o filme teria lugar em Paris. O realizador aprendeu francês, o filme foi a competição em Cannes e ganhou dois Globos de Ouro, um para Hupert, que também foi nomeada a um Oscar pela sua prestação.
Paul Verhoeven é um nome que não precisa de apresentações, quer pelos sucessos (RoboCop, Desafio Total, Instinto Fatal e Starship Troopers) como pelos fracassos (Showgirls e Hollow Man) e Isabelle Hupert, no campo da representação, é tão exigente e incontrita quanto ele, pelo que o encontro entre ambos não poderia deixar ninguém indiferente. A música é de Anne Dudley.
Elle 2016
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