Thursday, February 14, 2019

The Belko Experiment, de Greg McLean

Battle Royale (2000) é um filme japonês baseado num livro de 1999, sobre uma turma do nono ano de escolaridade escolhida pelo governo para os alunos se matarem uns aos outros até sobrar apenas um. Foi um sucesso de bilheteira no Japão e da crítica pelo mundo fora, teve direito a uma sequela e as cópias não tardaram. Tanto o livro de Suzanne Collins (2008) como o filme em que se baseou, Jogos de Fome (2012), foram criticados pelas semelhanças, que a autora repudiou, argumentando que nunca ouvira falar em Battle Royale. Mas talvez fosse fã de wrestling, nomeadamente de Stone Cold Steve Austin, que já tinha estrelado uma versão de Battle Royale em 2007, intitulada Os Condenados. E Os Condenados tinha o evento a ser divulgado em tempo real pela internet, assim como The Running Man, em 1987, já envolvera Arnold Schwarzenegger a ser obrigado a competir num labirinto de gladiadores rodado para a televisão, filme baseado num conto que Stephen King publicou sob o pseudónimo Richard Bachman em 1982. E convém não esquecer uma obscura fita de Albert Pyun (o realizador de Cyborg, com Van Damme) intitulada Mean Guns(1997), com Christopher Lambert e Ice-T, mas onde Michael Halsey roubava todas as cenas; aí, um kingpin enchia uma prisão vazia com os cem criminosos que o tinham traído e obrigava-os a matarem-se uns aos outros, havendo um prémio para o que sobrasse de pé.

Tudo isto nos conduz a The Belko Experiment (2016), variação do tema escrito por James Gunn, que declinou realizar por estar a passar por um divórcio e não querer dirigir cenas de violência durante meses. Assim, a missão passou para Greg McLean e as culpas foram repartidas. Que culpas? A de dar mais um derivado dos filmes mencionados e não conseguir destacar-se. Oitenta trabalhadores de uma empresa são trancados dentro do edifício e confrontados com a directiva de se matarem uns aos outros até o sol raiar. E eles lá andam como baratas tontas, a decidirem como proceder a bem ou a mal, mas sem actos de bravura ou estratégia para além da banalidade presumível. No final (spoilers), há ainda tempo para plagiar O Cubo (1997) e The Killing Room (2009). O vencedor do teste pode sair para o exterior do edifício (O Cubo) e conhecer os responsáveis (O Cubo 2), que dão algumas respostas vagas e que não adiantam nada (são testes conduzidos pelo Governo norte-americano por cientistas, compilando dados sem saber para que conclusão). O filme acaba com o anúncio do teste seguinte, ficando a saber-se que as provas vão continuar (The Killing Room).

James Gunn tem sido muito elogiado pela escrita e realização de Guardiões da Galáxia (2014) e respectiva sequela (2017), sem falar num sofrível Slither (2006) sobre uma praga de lesmas que transforma os habitantes de uma aldeia em zombies. Greg McLean tem-se dedicado ao prolongamento do sucesso do seu pequeno horror porn australiano Wolf Creek (2005), Wolf Creek 2 (2013), Wolf Creek: Minissérie (2016) e Wolf Creek 3 (anunciado). Fora disso, realizou uma medíocre fita sobre um crocodilo assassino (Rogue 2007) e outra sobre uma entidade sobrenatural má (2016). Esperava-se mais de Gunn e nada de McLean.

O elenco tem Tony Goldwyn, que começou a carreira a ser morto por Jason Voorhees (Jason Lives: Friday the 13th VI, 1986), mas ainda hoje é reconhecido por ter traído o melhor amigo em Ghost (1990); e John Gallagher Jr, o simpático hóspede de 10 Cloverfield Lane (2016), em campos opostos, mas também John C. McGinley, Michael Rooker e Gregg Henry em pequenos papeis. 

The Belko Experiment 2016 

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