Thursday, September 18, 2014

Cropsey, de Joshua Zeman e Barbara Brancaccio

Documentário pleno de amadorismo, estruturado em cima do joelho e filmado sem dedicação ao detalhe ou ao enquadramento, que mistura a lenda urbana Cropsey com o caso real de um assassino em série de Staten Island, o distrito de Nova Iorque encarado durante décadas como aterro municipal, não só de lixo como de vítimas da Máfia.
Nesta ilha, que nem sequer foi servida de uma ponte durante a maior parte do século XX, situava-se uma instituição para tuberculosos e doentes mentais sem condições, encerrada após o escândalo que pôs a nu as deficiências das instalações e o horror ao nível dos cuidados humanos. Muitos dos funcionários do manicómio continuaram a morar no perímetro de Willowbrook e a polícia reconduziu quatro dos trinta desaparecimentos de crianças a um ex-contínuo. Sem corpos e através de provas circunstanciais e testemunhos duvidosos, André Rand foi condenado a 25 anos por um dos crimes e 17 anos mais tarde, quando estava prestes a ter liberdade condicional, foi condenado a prisão perpétua por outro dos alegados desaparecimentos, com provas ainda mais débeis. A intenção era que o indivíduo nunca regressasse às ruas.
O casal de documentaristas cresceu em Staten Island e lembra-se de brincar nos edifícios abandonados e decrépitos de Willowbrook, onde se dizia habitar o sequestrador de crianças Cropsey, versão nova iorquina do Papão. Facto ou folclore é a base da investigação, que aprofunda o caso de André Rand até 2008, ano da sentença pelo segundo rapto. Ele tinha sido contínuo do manicómio, a sua mãe fora internada anos antes numa instituição cuja planta arquitectónica era muito semelhante à de Willowbrook e havia rumores da existência de um labirinto de corredores subterrâneos habitados por sem-abrigo e onde se desenvolviam rituais satânicos, com eventuais sacrifícios humanos. Todas as vítimas tinham atraso mental. Rand nunca assumiu a culpa nem falou com jornalistas. 
Cropsey 2009

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