Tuesday, August 16, 2011

The Ward, de John Carpenter

Há uma razão para John Carpenter não fazer um filme há dez anos (Fantasmas de Marte, 2001) e, pela amostra, é pena que tenha interrompido o jejum. O realizador construiu toda a sua carreira em redor de um único título, aceitando-se que teve algumas obras interessantes nos anos 80. O sucesso de Halloween (1978) despoletou uma teia de sequelas e remakes e lançou a saga dos assassinos mascarados. Antes disso, Carpenter já evidenciara algum talento para crescendos de suspense (Assalto À Esquadra 13, comremake em 2005), que consolidou em O Nevoeiro (1980, com remakeem 2005), A Coisa (com remake para 2012) Christine (1983) ePríncipe das Trevas (1987). Isso deu-lhe uma certa carta branca para apalhaçar (Jack Burton Nas Garras do Mandarim, 1986, e Eles Vivem, 1988). Starman (1984) foi a sua única incursão no melodrama, onde Jeff Bridges e Karen Allen se portaram excepcionalmente. O completo fracasso de bilheteira de Memórias de Um Homem Invisível (1992) veio estragar o idílio e reduzir o realizador à classe de tarefeiro, de onde não mais saiu. Vampiros (1998) foi uma tentativa louvável de sair do esterco, mas derrapou novamente com Fantasmas de Marte, onde atingiu mínimos anteriormente inimagináveis.

Foram precisos dois Rasmussens para escrever The Ward, o que não abona nada ao nome de família. Num bocejo constante, desenvolve-se uma historieta de terror cliché, passada num hospício, onde um fantasma elimina sumariamente as pacientes de uma álea de adolescentes do sexo feminino. Quando uma nova paciente começa a ser atormentada, está na hora de fugir ou, em alternativa, descobrir quem é o fantasma. Mas, para tal ausência de originalidade e de inteligência narrativa, medo ou suspense, mais valia assistir ao genérico inicial em looping.

O tema já foi abordado de forma muito mais competente emIdentidade Misteriosa (2003) ou até Shutter Island (2010) e a completa falta de aproveitamento do ambiente tétrico do hospital faz recomendar o estudo de Fragiles (2005), de Jaume Balagueró (o mesmo de [Rec], 2007) ou do clássico Pesadelo em Elm Street 3(1987). Filmes sobre reclusos também poderiam ter ajudado, já que um hospital é, num filme de terror, essencialmente, uma prisão. Infelizmente, The Ward é mais uma prova de que o título Mestre de Terror tem de estar sob constante escrutínio. Carpenter, à pala disso, dirigiu dois episódios da série Masters of Terror (2005 e 2006), mas as últimas duas décadas desmentem qualquer mérito.

The Ward não serve o menor propósito. A história é débil, os efeitos especiais são lastimosos, não há tensão, os personagens não passam de papel de embrulho e as actrizes parecem meras figurantes a improvisarem. Amber Heard, Mamie Gummer, Danielle Panabaker, Laura-Leigh, tudo lixo. E a sequência final, com a outra a sair do espelho… é possível ser mais vulgar?

The Ward 2010


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