Sequestrados tem uma premissa muito simples: uma família bem sucedida é confrontada com uma situação de rapto e o cabeça de casal é conduzido por um dos captores a diversas caixas Multibanco, para esgotar o saldo dos cartões de crédito; em casa, um dos raptores torna-se violento com a mãe e a filha. Dá tudo para o torto.
Apesar de algumas imagens mais intensas e uma violação claramente desconfortável para o público, o cômputo geral é de desilusão, em larga medida porque o talento se esgota depressa. Com uma história destas e câmaras tão intrusivas como as de um reality show, é um filme de tudo ou nada. A tensão tem de ser milimetricamente gerida em cada detalhe, ou esboroa como um castelo de cartas. Neste caso, são as representações que não convencem e isso é um furo no pneu que nunca consegue encher-se. Não pode haver pior para a supension of disbelief do que actores que não são credíveis. Em especial, lamenta-se o namorado da filha e o vigilante de bairro, mas a compostura do vilão chefe é demasiado vazia e a sonorização do histerismo de Manuela Vellés (filha) adquire contornos irritantes, em vez de compassivos.
O recurso ao desdobrar do ecrã, para acompanhar em simultâneo duas acções distintas, é demasiado artificial, cortando a ideia desnuff que se pretende incutir. Não se entende porque hão-de os criminosos ser albaneses, a não ser para puxar pelos sentimentos xenófobos da audiência. O desfecho, longe de gratificante, é um colar de absurdos que afunda o filme na inconsequência (marretada no pai, tiro na cara da mãe, na nuca do namorado e facadas na filha, por um indivíduo que devia ter partido a coluna vertebral numa colisão frontal de automóvel; para além do resto, apresentá-lo incólume é um atentado à razoabilidade).
Secuestrados 2010
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