Tuesday, August 16, 2011

Medos, de Joe Dante

Joe Dante é o realizador que viu O Tubarão (1975) e decidiu fazerPiranha (1977). Steven Spielberg gostou da paródia e não só evitou o processo judicial movido pela Universal, como apadrinhou o jovem aprendiz de Roger Corman. Durante algum tempo, o pódio do fantástico pertenceu à trindade Steven Spielberg, Robert Zemeckis e Joe Dante, todos da mesma equipa, mas o tempo é o inimigo dos atletas. De qualquer modo, Dante será sempre recordado por The Howling – o Uivo da Fera (1981), Gremlins – O Pequeno Monstro(1984), O Micro-herói (1987) e, em menor escala, Small Soldiers(1998).
Medos é apresentado como filme de terror, mas apenas o é se o conceito for apreendido à escala de Joe Dante, que sempre guinou na direcção family friendly. Isto não é um defeito, porque Dante sempre soube moldar e enriquecer os seus projectos, tornando-os identificáveis e inconfundíveis. Mas, será ainda possível trazer alguma novidade a um género cristalizado nos anos 80, que tem sido copiado e plagiado desde então, praticamente sem a introdução de elementos novos?
Neste género, Dante regressou em 2004 à TV para dirigir o episódio de Halloween da série CSI:NY (passado em Amityville) e foi convidado por Mick Garris para abrilhantar a série Mestres do Horror por dois episódios (2005 e 2006). Com Medos, fez o mesmo que há muitos anos atrás, quando teve para si um segmento do filme Twilight Zone(1981), percursor dos tempos da comédia horrenda em formato spoofde A Noite do Espanto (1985) e de Uma Casa Alucinante (1986).
Luzes que se apagam, portas que não abrem, fantoches de palhaços, meninas vestidas como bonecas de porcelana, homens enormes que se movem a coberto da escuridão, quem é que não viu estes artifícios mil vezes? Mas, é mesmo assim, os medos são sensações simples, que partem sempre de raízes semelhantes, a encontrarem eco na imaginação universal. Medos começa com um alçapão, situado na cave de uma casa nos subúrbios, por baixo do qual há um buraco negro que parece não ter fundo. E com três menores que são assombrados pelo que pode habitar as profundezas, cuja coragem poderá ser a única solução.
Joe Dante não tem entre mãos uma obra-prima, longe disso, apenas uma história de terror juvenil muito simples, mas à qual se dedica com a mesma candura que o fazia há mais de vinte anos atrás, fazendo tábua rasa de todos os filmes do género que polvilam o celulóide desde então. Da mesma forma que lhe criticaram que The Screwfly Solution, episódio da série Mestres do Horror, era uma variação de 28 Dias Depois (2001), quando afinal se baseava explicitamente num conto de James Tiptree Jr, escrito décadas antes, também se poderá invocar a falta de originalidade de Medos, mas a questão aqui não está no tema, mas na abordagem.
Joe Dante continua a saber o que faz. Manteve os efeitos especiais ao mínimo, recorreu à animação stopmotion em vez de CGI (o ataque do fantoche, na cave, demorou quatro dias a filmar), trabalhou a luz e a sombra de maneira a fazer do ambiente um personagem e dos personagens pessoas. Só assusta os mais pequenos, mas cativa todas as idades. Sem ser nem parecer nada de especial, passa a perna a tantos outros que querem ser muito e só conseguem ser nada.
Por último, o elenco. Não maravilha, mas não desmerece. Chris Massoglia protagonizou Circo dos Horrores: O Assistente do Vampiro (2009), Haley Bennett foi a cabeça de cartaz de A Maldição de Molly Hartley (2008) e Nathan Gamble entrou em The Mist - O Nevoeiro (2007); os dois últimos fizeram de irmãos em Marley & Eu(2008). Teri Polo não precisa de apresentações, mas recentemente entrou na trilogia iniciada com Um Sogro do Pior (2000). E não seria um filme de Joe Dante sem um cameo de Dick Miller (Gremlins). Os efeitos 3D em pós-produção é que eram completamente escusados.
The Hole 2009

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