Tuesday, August 16, 2011

Gritos 4, de Wes Craven

Variações sobre um tema morto e enterrado. Em 1996, Gritos foi um regresso aos slashers dos anos 80 e brindou-se a uma nova geração, com a moda a ser sustentada por Sei O Que Fizeste O Ano Passado(1997) e Mitos Urbanos (1998). Mas, inevitavelmente, cada sequela provou ser pior do que a anterior e, onze anos depois de Gritos 3, o mundo não precisava de mais uma adição ao título.

Há uma frase no filme que diz que se faz um remake para superar o original, mas toda a gente sabe que, na verdade, o objectivo é o de capitalizar no seu sucesso sem o esforço de criar algo novo. Pelo menos, nas sagas dos anos 80, grande parte da magia residia nos efeitos especiais, na constante tentativa de ser inventivo nas mortes e ir mais além de cada vez, fosse a rudeza de Sexta Feira 13 ou o festim de Pesadelo Elm Street. Em Gritos, há apenas uma voz a mandar bocas ao telefone e um tipo com uma máscara que parece chorosa em vez de ameaçadora, a brandir uma vulgar faca de mato.

Gritos provou ser um filão, mas pelo remate da trilogia já estava moribundo. Assim como a sua paralela satírica, Um Susto de Filme(2000, 2001, 2003 e 2006), que chegou primeiro às quatro tomas.Gritos 4 traz de volta os actores principais Neve Campbell, David Arquette e Courteney Cox e a equipa Wes Craven / Kevin Williamson, realizador e argumentista, que tinham sido separados em Gritos 3,com o guião de Williamson a ser rejeitado e Craven obrigado a realizar (condição para que a Miramax desse luz verde ao seu drama musical Melodia do Coração, de 1999). Alguma fricção ainda chegou a haver no set de Gritos 4 quando Ehren Kruger, argumentista deGritos 3, foi chamado para rescritas.

Gritos 4 nem chega a ser mais um estertor para o título. Tamanha falta de ingredientes novos pedia medidas desesperadas, uma nova máscara, uma faca da Hibben, um mínimo de suspense. Infelizmente, não passa de uma banal visita a um matadouro preguiçoso, com um final tão tarefeiro que desmoraliza. Kevin Williamson teve um inicial período de ouro: Gritos (1996), Sei O Que Fizeste No Verão Passado (1997) e Mistério na Faculdade (1998). Em 1999, decidiu que não sabia só escrever, mas O Rapto da Senhora Tingle (1999) foi um desastre e ele virou-se para o pequeno ecrã, onde criou e desenvolveu as séries Dawson’s Creek (1998-2003),Wasteland (1999), Glory Days (2003), Hidden Palms (2007) e The Vampire Diaries (2009-2011). Em 2005, Craven e Williamson juntaram-se para o medonho Amaldiçoados, premonitório no que toca a Gritos 4.

Wes Craven ficará para a História como o criador de Pesadelo em Elm Street (1984), mas os seus primeiros filmes foram abjectos (A Última Casa da Esquerda, 1972, Os Olhos da Montanha, 1977) camp(Swamp Thing, 1982) ou meramente insípidos (A Maldição dos Mortos Vivos, 1988). Entre o seu melhor está, realmente Gritos, mas convém não perder a perspectiva: foi o twist final, que surpreendeu pela existência de dois assassinos em vez de um, que o tirou da banalidade. Gritos 4 fica-se pela última. O sketch com Anna Paquin e Kristen Bell não passa de uma curiosidade e a presença de Hayden Panettiere prescindia daquele horrendo penteado. Emma Roberts, que faz de sobrinha de Sidney Prescott, a protagonista, é filha de Eric Roberts.

Scream 4 2011


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