Tuesday, August 16, 2011

O Ritual, de Mikael Hafström

O Exorcista para a nova geração, igualzinho ao da geração anterior.O Ritual não é mais do que uma sequela informal dessa franchise que já aí anda desde 1973 e em 2004 e 2005 teve duas prequelas concorrentes (insatisfeito com a encomenda a Paul Shrader, o estúdio passou a oferta a Renny Harlin). Um ano depois de ter sido possuído pelo feitiço da lua (Lobisomem, 2010), Anthony Hopkins apresenta-se com o diabo no corpo, mas tudo o que sabe fazer com ele é uma reles imitação de Hannibal Lecter.
A história conta-se em duas penadas: um seminarista sem fé é coagido a ir tirar uma pós-graduação em Exorcismo na cidade de Roma e lá é apresentado a um exorcista que tem um caso entre mãos. O seminarista age de forma céptica em relação à referida situação, mas acaba por acreditar, quando o demónio passa da vítima para o padre; é hora de vestir o escapulário e recitar as escrituras.
O sueco Mikael Hafström é um realizador discreto, que tem feito pela vida nos EUA desde 2005 (Pecado Capital, onde o pecado era a infidelidade), mas não passa de um tarefeiro e O Ritual não altera essa percepção. O filme peca por uma excessiva lentidão, com falta de argumentos a que se agarrar. A fazer pela vida está também Alice Braga, a brasileira que mais se tem internacionalizado nos últimos anos (é sobrinha de Sónia Braga, a eterna Gabriela Cravo e Canela). Colin O’Donoghue não se sai mal como protagonista, um seminarista que luta contra as suas dúvidas de fé. Sem oportunidade de brilhar, mas capaz de fazer frente a Anthony Hopkins, está Rutger Hauer, pai do seminarista e agente mortuário.
«Comando-te, pelo poder de Jesus Cristo e em nome da virgem Maria». Actualmente, será mesmo necessário à Igreja conduzir exorcismos como fazia há dois mil anos atrás? Com um crucifixo, água benta e palavras em latim, retiradas de livros poeirentos? Não faria mais sentido identificar o demónio através de um TAC e operar a vítima num hospital, fazendo uma incisão e retirando-o como um tumor? Ah, é verdade, tanto hoje como no início dos tempos, as manifestações de demónios são invenções de uma religião que sempre lutou por instilar medo e arranjou subterfúgios para explicar o que não sabe. Epilepsia, esquizofrenia, neuroses psicossomáticas, é tudo exorcizável.
A insistência na dúvida, por parte do seminarista, prolonga-se para além do lógico: se a hospedeira do diabo já demonstrara ter conhecimento de factos a que era impossível ter acesso, para quê ignorá-los e bater no ceguinho? Quanto ao miúdo que foi agredido por uma mula, durante um sonho (a mula de olhos vermelhos fosforescentes foi um pormenor risível), ninguém se lembra de o levar ao hospital? Mesmo que tivesse sido o demónio a fazer-lhe mal, as marcas físicas não é suposto serem tratadas por médicos? Se os demónios são vaidosos, porque perdem eles a força ao darem o seu nome? O que ganha um demónio em possuir um anónimo, não tem melhores coisas para fazer? Esta e outras questões ficam por esclarecer, mas a banda sonora de Alex Heffes não é má de todo.
The Rite 2011

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