2007 foi o ano da pandemia. Realizadores trapaceiros ou somíticos encontraram um novo filão e, gananciosos, não descansaram enquanto não o esgotaram. Foi o fenómeno da câmara ao ombro em formato integral, simultaneamente um artifício económico e simplista que, em teoria, poderia ser usado para o bem. Mas O Projecto Blair Witch (1999) estava longe de imaginar o número de seguidores que germinaria. Os espanhóis Jaume Balagueró e Paco Plaza colocaram uma equipa de filmagens da TV num prédio assolado por zombies e o sucesso foi tal que os EUA lhe compraram os direitos de autor e expeliram o reamke Quarentena no ano seguinte. Uma sequela ao original tornou-se imperativa e já se avança 2011 como o ano do fecho da trilogia Rec.
A forma mais óbvia de dar continuidade a Rec foi prolongar a noite fatídica, com mais câmaras no mesmo prédio. Os eventos ocorrem a seguir aos do final deixado em aberto e, francamente, não destoam da colheita do primeiro. Em vez de uma equipa de bombeiros, assiste-se à intervenção de uma equipa de assalto, a acompanhar um investigador. É o Aliens de Rec, a versão militarizada após a civil. O desfecho manhoso indiciava um fenómeno de possessão demoníaca que falhara a contenção e agora busca-se uma amostra do sangue infectado, para análise e composição de antídoto.
Balagueró e Plaza regressam co-realizadores e argumentistas, garantindo a semelhança na abordagem, com os efeitos especiais a serem substituídos pelo histerismo das câmaras e por doses individuais de molho de tomate. Quanto à capacidade narrativa da dupla, lamenta-se que, em cinco minutos de intervenção, já haja discussões e ameaças por parte dos membros da SWAT ao investigador externo, líder da missão para todos os efeitos, evidenciando falta de controlo e insubordinação (é irritante ouvir tantos berros). O conceito do reconhecimento por voz atribuído unicamente ao investigador suscita a seguinte dúvida: se este fosse a única fatalidade da missão, os outros não seriam autorizados a sair do prédio? A missão tornar-se-ia suicida?
Rec 2 cruza duas narrativas, ambas exclusivamente apoiadas em câmaras portáteis, e junta ao nó a sobrevivente (?) do filme original. Manuela Velasco, a mais valia de Rec, já assinou para toda a trilogia. No fundo, Rec 2 mantém o conceito das baratas tontas à solta num prédio, junta-lhe a explicação da possessão e no final introduz um fenómeno de dupla realidade, só captável por óculos de visão nocturna. Poucos sustos, pouca lógica, nenhuma sustentabilidade.
[Rec] 2 2009
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