Actriz sensação por razões imponderáveis, Megan Fox vai deixando claro, a cada participação, que é tão vazia de talento como injustificado o hype em seu redor. Michael Bay foi o primeiro a sexualizá-la no grande ecrã (Transformers, 2007), ainda que Robert B. Weide insista ter sido ele a descobri-la (ela integrou o elenco deComo Perder Amigos E Alienar Outros, que por dificuldades de distribuição, só chegou ao público no ano seguinte. Seja como for, é uma rapariga magra de olhos verdes como milhares de outras que ingressam no cinema pornográfico diariamente e, nesse meio exigente, talvez até passasse despercebida. Inexpressiva quando não aparenta estar ligeiramente ébria, tem como único mérito debitar com ingenuidade frases saídas de um mau softcore (onde andas, Zalman King?), provavelmente porque está a debitá-las sem ter a menor noção do seu significado. As frases foram escritas pela ex-stripper Diablo Cody, sensação dos Óscares de 2008 com o sobre-valorizado Juno (2007), que não teria sido a mesma coisa sem Ellen Page. Assim como a série As Taras de Tara, cheque em branco do produtor Steven Spielberg, um desastre só evitado pela fabulosa representação de Tony Collette (e terem entregue a escrita a gente mais competente, ao quarto episódio).
O Corpo de Jennifer é um filme de terror série B para adolescentes, que não excita nem assusta, multiplicando a mesma razão por todos os envolvidos no projecto: não prestam. Actrizes idiotas para um argumento irrisório e uma realização ausente. É impossível acreditar que alguém tenha lido o guião e achado que o mesmo não precisava de sérias rescritas, de tão amorfo e simplório que é. Os diálogos são imprestáveis, faltando-lhes frescura, humor ou inteligência (os diatribes de Juno eram o único destaque desse filme) e a acção propriamente dita é ridícula. Jenny e Needy são amigas de infância, mas antíteses uma da outra. Jennifer é cheerleader e Needy uma totó. Certa noite, Jennifer parte na carrinha da banda que tocou no bar local e reaparece como succubus. A partir daí, é suposto alimentar-se dos colegas de escola para sobreviver, mas se somarmos o seu body count de apenas dois eviscerados, não é nada impressionante. Mesmo assim, dois colegas a menos são duas vítimas a mais e a melhor amiga dela decide pôr termo à brincadeira. Não sem antes trocar com ela um beijo de língua até à úvula, que apesar de tudo fica a léguas de ser minimamente sensual.
Diablo Cody e a realizadora, Karyn Kusama, são abertamente feministas, o que já se lia nos anteriores trabalhos da última (Girlfight e Aeon Flux), ambos a estrelarem protagonistas femininos (com as actrizes Michelle Rodriguez e Charlize Théron, respectivamente). Mas, enquanto Girlfight se esforçava na óptica realista e Aeon Flux como fantasia belicista, O Corpo de Jennifer não consegue decidir-se num estilo coeso e, infelizmente, o filme retrai-se com essa indecisão que, aliada a um enredo tosco, só revela fraquezas.
O Corpo de Jennifer ressente-se ainda com a horrenda banda sonora e com os efeitos especiais de saldo. Com um orçamento de 16 milhões de dólares, tudo decepciona. O mau gosto, a falta de timing, o desleixo e o consequente embrutecimento da audiência sem dar nada em troca. Ao lado de Megan Fox, podemos ver Amanda Seyfried (Giras e Terríveis e Mamma Mia) e Adam Brody (O.C e No Mundo das Mulheres), qual deles menos promissor. Face ao fracasso de bilheteira, o filme tentou afirmar-se como comédia satírica ao género de terror, mas é impossível não ver aí uma desculpa esfarrapada por não ter conseguido funcionar como o que quer que fosse. O título deriva da canção homónima da banda Hole, da Courtney Love, o que não passa de uma trivialidade. Megan Fox emagreceu sete quilos para interpretar as cenas mais esfomeadas, e realmente era impossível fazer alguma coisa de jeito com apenas 44kg.
Jennifer's Body 2009
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