A descansar de três Homem-Aranha, Sam Raimi tirou da gaveta um guião, escrito com o irmão Ivan em 1992. Estava fechada a trilogiaEvil Dead (remake previsto para 2010, a realizar pelo próprio), que começara de forma brutal e aterrorizadora, mas diluíra o terror até à comédia de aventuras nO Exército das Trevas. Passado na Idade Média, esse terceiro tomo prepararia o terreno para Hercules: As Viagens Lendárias e Xena: A Princesa Guerreira, séries que produziria ao longo dos anos 90. Nesse clima descomprometido, Sam e o irmão escreveram Drag Me To Hell, conto de maldição demoníaca esticado até à longa metragem com excessiva boa vontade.
O nome de Sam Raimi oscila entre os tempos inspirados e experimentalistas e o piloto automático actual. Ao anedótico mas empolgante Rápida e Mortal (1995) seguiram-se duas incursões no suspense, Um Plano Simples (1999) e O Dom (The Gift, 2000), interessantes mas pouco revolucionários.
Drag Me To Hell chega aos cinemas, portanto, dezassete anos depois da sua concepção. O território das maldições ciganas é intemporal, é certo, mas há que contar com o potencial cansaço do público. Tendo isso em consideração, Raimi tenta contornar os obstáculos com uma pitada de sátira e efeitos especiais económicos, mas tudo o que consegue provocar é decepção. Drag Me To Hell é irritante e não traz nada de novo, lambuzando-se nas regras mais básicas do género e sendo incapaz de retirar-lhes frescura e originalidade. As cenas do ataque na garagem e da exumação no cemitério destacam-se da banalidade, mas quantas vezes seremos obrigados a ver vómito despejado na boca da frágil e indefesa heroína e quem é que se deixa convencer por sombras, barulhos e trombas de ar que atiram pessoas contra as paredes?
Ao lado de Alison Lohman, que aqui se estreia no campo do terror (após Ellen Page ter desistido), está Justin Long (já ajudou Bruce Willis a salvar a América em Die Hard 4 e esteve quase a tirar a virgindade à personagem de Britney Spears em Crossroads), que começou a sua carreira no aterrador Jeepers Creepers, de Victor Salva. Drag Me To Hell vê-se por simpatia, mas sem entusiasmo.
Drag Me To Hell 2009
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