Monday, September 5, 2016

The Boy, de Craig William MacNeill

   
Com o pai a gerir um motel de beira da estrada, um pequeno sociopata passa os dias a trocar animais mortos na via por moedas que lhe é permitido retirar da caixa registadora. Das armadilhas que monta para animais rasteiros decide passar aos de maior porte e o alce atraído provoca um acidente com um automóvel. O motel ganha um cliente. Na noite seguinte, uma família vem passar a noite. Um jeito nos fios da ignição e o carro não pega, tem companhia enquanto o mecânico arrasta os pés. E dali a dias é o baile de formatura, a noite do ano em que os adolescentes vêm experimentar alcool e preservativos. O padrão está formado.
Da curta metragem Henley (2011), escrita com Clay McLeod Chapman, Craig William MacNeill realizou um trabalho metódico e enervante aos primeiros sinais de fascínio pela morte por parte de um menino de nove anos em cenário desolador, focado no processo com uma câmara simultaneamente distante e interactiva, preocupada com enquadramentos rígidos de ângulo recto, conciliando-os através de obstáculos e de perspectivas indirectas, como um sniper de olhar cirúrgico e dedos como bisturis no gatilho sensível. O resultado é orgânico e irrepreensível (ao contrário do forçado plástico de, por exemplo, Carol, de Todd Haynes, do mesmo ano), assim como a montagem, igualmente de MacNeill. A banda sonora, composta por Hauschka com ruídos industriais, constitui mais um factor positivo, promovendo a inquietação durante as sequências mais enganadoramente pacíficas.
Clay McLeod Chapman transformou Henley num capítulo do seu livro Miss Corpus e é nele que oficialmente se baseia a narrativa, que é lamentavelmente básica, genérica e previsível. É mesmo o tratamento lento e específico do realizador que eleva a película da mediania. A produção é da SpectreVision de Daniel Noah, Josh C. Waller e Elijah Wood, o que talvez explique a presença de David Morse, que já representara para o trio em McCanick (2013). Morse e Rainn Wilson, outro dos actores de The Boy, são produtores executivos, acreditaram no projecto. Mike Vogel e Zuleikha Robinson são um casal fugaz, rostos conhecidos a passarem, eventualmente, despercebidos. Bill Sage, actor indelevelmente associado aos melhores filmes de Hal Hartley, faz um biscate e é triste assistir à sua degradação física.
O Bom Filho (1993) é uma referência óbvia. Não só o loiro protagonista Jared Breeze dá ares a Macauley Culkin, que fazia igualmente de pequeno sociopata a viver na montanha, como David Morse tinha um papel e Elijah Wood, aqui como produtor, deve ter assimilado as semelhanças imediatamente. Do realizador Joseph Ruben, aconselha-se outro filme, a gema caída no esquecimento O Padrasto Assassino (1987), que já teve direito a sequela (1989) e remake (2009). Por fim, e ainda no campo das referências, é óbvia a corrente incidência nos adornos de chifres de alce, associáveis às séries Hannibal e True Detective.
The Boy 2015

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