Diversos sub-enredos perdem-se na selva da Colômbia no que poderá ter sido desleixo do editor de montagem ou falta de material por parte de um realizador cujo guião foi sendo escrito em folhas de árvore que ficaram nos ramos. Um trio de nova-iorquinos parte para a Colômbia para confirmar que a prática de canibalismo é um mito e assim uma deles poder validar a sua tese de doutoramento, quando se cruzam com um duo que afirma fugir a pé de uma tribo com doutoramento precisamente nessa especialidade. Antes disto, já Nova Iorque tinha sido palco de um homicídio num apartamento, porque um agiota quer reaver dinheiro roubado por um indivíduo que vive com uma guia e esta pode, sem se aperceber, ter-lhe incutido a ideia de que era fácil recolher esmeraldas das margens doces da Amazónia. O ladrão foi para a Colômbia com o sócio e acaba de cruzar-se com três turistas da sua cidade natal, um polícia de Nova Iorque vai procurá-los à América do Sul e encontra a única sobrevivente do grupo, estava ali mesmo ao virar da esquina e a barreira linguística não é problema, toda a gente fala italiano neste filme. No final, e não se trata de spoiler por irrelevância, a arqueóloga apresenta a tese confirmando a inexistência de canibais, apesar a da sua experiência em contrário, porque o trabalho já estava escrito e dar os parceiros de excursão como comidos por crocodilos representa menos papelada.
Banido em trinta e um países à época da estreia, nenhum do hype acaba legitimado, tal o desolador amadorismo de ponta a ponta. Não há suspense, não há representações dignas nem cinematografia e a música é um reaproveitamento da banda sonora do filme anterior de Lenzi. Quanto aos índios, bem podiam estar a usar máscaras de William Shatner, tão pouco convincentes na sua inexpressividade, limitando-se a cumprir ordens de carácter motor: anda, pára, come. Mais despachado é o italiano Giovanni Radice (a assinar com o nome John Morghen para o filme parecer menos euro trash) que encontra forças para correr dos captores horas depois da amputação da genitália (a genica termina quando lhe abrem o crânio).
Cannibal Ferox 1981
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