Monday, September 5, 2016

Byzantium, de Neil Jordan

   
Na senda de Entrevista com o Vampiro (1994), Neil Jordan parecia uma luva para adaptar a peça de teatro juvenil A Vampire Story (2008), que a autora Moira Buffini reinterpretou para guião, mas a verdade é que o realizador não soube o que fazer com o material, a começar pelo título, que alterou para o nome do hotel onde as protagonistas se estabelecem, endereço sem a menor importância geográfica ou narrativa, apenas com a curiosidade (à pressão) de corresponder à origem da anedótica espada de Conan que um assassino em traje formal retira da bagageira do carro para cumprir um ritual de decapitação (veio de Istambul, vulgo Constantinopla, vulgo Bizâncio) perto do desfecho.
A minha mãe deu-me três coisas: não me matou quando nasci, pagou a minha educação de joelhos e deitada e deu-me esta história que nunca poderei contar. Oh, porquê, porquê, porque é que alguém perdeu tempo a contá-la? Depois de Twilight, mais um conto aborrecido sobre um(a) vampira melancólica e ocasionalmente angustiada, que se comporta como uma adolescente apenas porque tem esse aspecto exterior, apesar de pisar a Terra há mais de duzentos anos, e cria ligação com um jovem porque os adultos são, presume-se, aborrecidos para um velha com boa pele. Nesta versão, os vampiros são meros imortais que se alimentam de sangue, não precisam de protecção solar, não têm força superior nem comandam outras criaturas. É tão aleatório que até podem comer refogado de cebola.
Mesmo na recta final, lá tenta arrepiar caminho, mas arrepiar os cabelos da nuca é coisa que não sabe alcançar e isso, num filme de vampiros, é crime capital. Ficamo-nos por pão mal amassado e ainda pior requentado, uma história machista sobre a vulgaridade das mulheres, uma ilha com um santuário que cura doenças e uma fonte que jorra sangue, uma organização vampira que mata quem é membro e quem é morto e efeitos especiais de chorar por menos. Gemma Arterton (que já representara um guião de Moira Buffini em Tamara Drewe, 2010) e Saoirse Ronan saem desprestigiadas. Jonny Lee Miller assina aqui a segunda participação num fiasco com vampiros, sendo (Dark Shadows, 2012), com Johnny Depp e Eva Green, o outro.
Byzantium 2012

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