Para Jack, de cinco anos, o quarto onde habita com a mãe é tudo o que conhece do mundo. Por uma claraboia, vê o céu, o resto chega-lhe exclusivamente através da TV, é fantasia, não existe. Dividido em três partes, quarto-fuga-mundo, o filme capitaliza no desconhecimento do espectador face ao que o rodeia, apresentando os dias que se seguem ao quinto aniversário do protagonista conforme estes se desenrolam. Após algumas pistas soltas, a surpresa é inevitável, mas esgota-se nisso mesmo. A atitude do realizador Lenny Abrahamson é demasiado murcha face a um drama que deveria ter sido intenso, mas acaba diluído na incapacidade de exteriorizá-lo.
Ao atribuir o protagonismo ao filho, Lenny Abrahamson passa para segundo plano todo o inimaginável trauma físico e psicológico sofrido pela mãe, violada diariamente em troca da sobrevivência, que conseguiu manter-se lúcida durante sete anos de cativeiro e criar um filho inteligente e sensível em condições inumanas. Da relação de isolamento para a liberdade do espaço exterior, o filme desfoca e abandona os personagens à sua sina. O filho parece nunca ter percebido o pesadelo e a coragem da mãe e o público com ele, a ver de fora o que nunca chegou a experimentar por dentro, a receber factos sem os sentir. É por isso que a tentativa de suicídio soa a cobardia em vez do passo óbvio de alguém que se aguentou durante anos pelas unhas para não cair no abismo e é confrontada com uma realidade pouco acolhedora, onde os pais se separaram, nenhuma amiga vem visitá-la e os media esgaravatam o seu sofrimento em busca do ângulo mais sensacionalista.
Brie Larson e Jacob Tremblay, à frente do elenco, estão críveis, mas olvidáveis, Joan Allen e William H. Macy o mesmo e Sean Bridgers, que abraça o papel imoral do captor, não faz mais do que recuperar, em tom sóbrio, o que já fizera no mais graficamente agressivo The Woman (2011). A autora do argumento é Emma Donoghue, autora do livro em que a fita se baseia.
Room 2015
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