Tuesday, March 28, 2017

O Demónio de Néon, de Nicolas Winding Refn

A visão politicamente incorrecta de Nicolas Winding Refn sobre o mundo da moda em apontamentos corrompidos pelo estereótipo e pelo lugar comum, os bastidores da passerela num contra-luz de pesadelo cromático ou fantasia antisséptica, praticamente ausente de narrativa e a chafurdar em 110 minutos de auto-indulgência. Elle Fanning como herdeira de Mariel Hemingway, a irmã menos talentosa de Dakota falha na arte de seduzir, expressão bovina e maxilar deslocado por excesso de chupeta incapazes de colocá-la no mapa da alta costura, magras há muitas. Cliff Martinez continua a tecer o tapete atmosférico sonoro de Refn, mas o guião foi garatujado a meias com duas estreantes na escrita criativa e a própria protagonista a rever os diálogos do topo dos seus 16 anos de experiência em gugu dada. Uma directora de fotografia para fazer a diferença na paleta, Jena Malone saciou-se num cadáver que só tinha de beijar e Abbey Lee, modelo reformada de 28 anos e que ninguém recorda se chegou a debitar mais de duas frases, ensinou as restantes a não tropeçarem ao andar. Keanu Reeves e Christina Hendricks levantam os cheques e o espírito de David Lynch sobrevoa e ensombra, mas de muito longe.

Neon Demon 2016

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