Tuesday, March 28, 2017

In The Deep, de Johannes Roberts

Duas mulheres, dois tubarões, uma refeição iminente. Quando duas irmãs norte-americanas decidem divertir-se no México, vão ver tubarões no seu habitat natural e a jaula solta-se do guincho, caindo a uma profundidade considerável. Enquanto o oxigénio se esgota, as duas dão ao rabo, à vez, em brincadeiras de sobrevivência. O mal de todo este episódio se passar a quarenta e sete metros do nível de água é que a iluminação é muito limitada.
Mandy Moore sempre primou pelo recato e longe vão os seus anos de teen idol, tendo gravado o primeiro disco aos 14 anos e ido em digressão com os Backstreet Boys aos 15, feito filmes românticos juvenis (Um Amor Para Recordar, 2002, À Procura de Liberty, 2004) e, entretanto, sido a voz de Rapunzel em Enlaçados (2010). Tem agora 32 anos e peso suficiente para recusar usar biquini (logo na cena de abertura, apanha sol de fato de banho) e não se percebe como podem os tubarões preferir a mais fininha Claire Holt, que faz de irmã. Num papel muito secundário, Matthew Modine. Mais secundário ainda, os ditos tubarões, que têm menos de um minuto de contrato, ou movem-se na escuridão em que mais de metade da fita foi mergulhada.
Dois filmes de mulheres contra tubarões em 2016 experimentaram o título In The Deep, mudando o outro para The Shallows (Águas Perigosas, 2016) e este para 47 Meters Down e adiado para o ano. A razão é menos má, porque o filme ia sair em VOD como In The Deep, mas agarrou a oportunidade de estrear em salas de cinema se esperasse por 2017, pedindo só para usar o working title 47 Meters Down. Infelizmente, esta produção de Alexandre Aja não é nem um verdadeiro filme de terror nem uma comédia do género e vai fracassar nas bilheteiras, fartas de pessoas com problemas a empatarem o tempo de antena dos grandes dentuços brancos. Lá mesmo no final, ainda se assiste a um abocanhamento que os computadores geraram com autenticidade, apenas para arrastarem a vítima para debaixo de água e o peixe não valer o seu dinheiro em pixeis. De notar também que, num gesto invulgar que lembra A Descida (2005) de Neil Marshall, o guião conta com dois finais sucessivos, retrocedendo depois do primeiro. Quem viu A Descida perceberá o que quero dizer. E também a diferença entre uma obra valiosa e uma nula.
In The Deep 2016

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