Quando o francês George Sluizer foi convidado a fazer um remake (1993) do seu próprio filme A Desaparecida (1988), foi na condição de alterar o final, porque, informaram-no, as audiências norte americanas não iam aceitar o que tinha propostos às holandesas no original. No mesmo sentido, Morgan (2016) parece ser uma espécie de remake de Ex Machina (2015), com um final mais americanizado e consumista. Assim, o que parece um thriller psicológico transforma-se num slasher e termina com uma caçada e um corpo-a-corpo com artes marciais.
Filho de peixe aprende a nadar com o pai e Luke Scott estreia-se na piscina de Scott Free, o estúdio do papá Ridley. Kate Mara protagoniza e Anya Taylor-Joy antagoniza, saída do sucesso de Witch (2015). Porque uns são enteados, mas Luke é herdeiro ao trono, há mais nomes sonantes a sorrirem-lhe para a câmara, em fila indiana temos Toby Jones, Michelle Yeoh, Jennifer Jason Leigh [excelente actriz que, depois de umas plásticas falhadas, esconde o rosto com hematomas (Os Oito Odiados, 2015) ou uma venda no olho, aqui] e Paul Giamatti (num papel que comparo ao de John Malkovitch em Jennifer 8, 1992). A voz de Brian Cox pode ser identificada no prólogo, para a sua presença vir a ser reconhecida no epílogo.
Morgan é mais um variação ao tema da criação de um novo ser através dos avanços científicos, sejam no campo da genética ou da inteligência artificial, onde a criatura se revela agressiva e, ao descobrir que vai ser eliminada, antecipa-se (no passado recente, recordo Splice, 2009) e um desfecho que, a meio, já se revela um previsível robot faceoff. Curiosamente, foi umfracasso de bilheteira, o que prova que as audiências andam menos que previsíveis do que as pastilhas que lhes dão a mastigar e só engole quem quer. Neste tom, relembro que o remake de A Desaparecida também falhou redondamente o público-alvo e o original continua, merecidamente, um filme de culto.
Morgan 2016
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