Tuesday, March 28, 2017

Crimson Peak: A Colina Vermelha, de Guillermo del Toro

Guillermo del Toro a brincar ao imaginário de Tim Burton com uma variação de Uma Série de Desgraças de Limony Snicket, onde as crianças são substituídas por uma esposa e o tutor por um marido e respectiva irmã. A protagonista é uma escritora aspirante que descreve o seu romance como uma história com fantasmas, mas sem ser de fantasmas, e é nisso que se torna a sua vida e o tema central de Crimson Peak, que tem também uma história de amor, sem ser um romance. Infelizmente, o filme, que foi rescrito cerca de doze vezes pelo próprio del Toro e por Matthew Robbins, que com ele já tinha escrito Mimic (1997) e Don't Be Afraid of the Dark (2009), torna-se inconsistente e, na sua generalidade, previsível. Tom Hiddleston e Jessica Chastain tentam ser cripticos e Mia Wasikawaska esquece-se de ter medo.

Crimson Peak 2015

Spectral, de Nic Mathieu

A apostar em simplicidade, economia e eficiência, Spectral é um dinâmico exercício de ficção científica belicista com um destemido cientista à frente de uma brigada militar. Sim, o herói é um cientista e os adversários criaturas espectrais, o que recorda, superficialmente, o tema de Final Fantasy: The Spirits Within (2001). Filmado na Hungria a imitar Moldávia, aproveita bem a arquitectura clássica face às máquinas de guerra futuristas. 

James Badge Dale, já quando cortou a mão para sobreviver na terceira temporada de 24, devia ter cortado o nariz, que continua a distrair as atenções. Conhecido por morrer em todos os filmes em que entra (World War Z, Lone Ranger, 13 Horas), abre aqui um grave precedente. Emily Mortimer, Bruce Greenwood e Max Martini dão apoio.

Spectral 2016

O Demónio de Néon, de Nicolas Winding Refn

A visão politicamente incorrecta de Nicolas Winding Refn sobre o mundo da moda em apontamentos corrompidos pelo estereótipo e pelo lugar comum, os bastidores da passerela num contra-luz de pesadelo cromático ou fantasia antisséptica, praticamente ausente de narrativa e a chafurdar em 110 minutos de auto-indulgência. Elle Fanning como herdeira de Mariel Hemingway, a irmã menos talentosa de Dakota falha na arte de seduzir, expressão bovina e maxilar deslocado por excesso de chupeta incapazes de colocá-la no mapa da alta costura, magras há muitas. Cliff Martinez continua a tecer o tapete atmosférico sonoro de Refn, mas o guião foi garatujado a meias com duas estreantes na escrita criativa e a própria protagonista a rever os diálogos do topo dos seus 16 anos de experiência em gugu dada. Uma directora de fotografia para fazer a diferença na paleta, Jena Malone saciou-se num cadáver que só tinha de beijar e Abbey Lee, modelo reformada de 28 anos e que ninguém recorda se chegou a debitar mais de duas frases, ensinou as restantes a não tropeçarem ao andar. Keanu Reeves e Christina Hendricks levantam os cheques e o espírito de David Lynch sobrevoa e ensombra, mas de muito longe.

Neon Demon 2016

O Bosque de Blair Witch, de Adam Wingard

Literalmente, mais do mesmo. Found footage, muita gritaria e correria desorientada e um final na casa maldita, onde há mais gritaria e correria desorientada, um vislumbre de uma figura de braços compridos (que o guionista diz que não é ela, mas uma vítima dela), e a recomendação de que é melhor ficar num canto, a olhar para a parede, não porque, segundo a lenda, a bruxa só ataca quem lhe viu a cara, mas porque mais vale ver tinta a secar do que esta espécie de Blair Witch 3, que ignora os eventos de BW2:Livro das Trevas (2000).
Dezasseis anos depois e é isto que se consegue espremer da memória de um dos mais impressionantes e lucrativos filmes de terror independente do século passado (o original é de 1999)? A actualização está na troca de uma bússola por câmaras com GPS e um drone para filmagens aéreas que, obviamente, deixam de funcionar assim que se embrenham no bosque. De resto, os personagens são assombrados por ruídos, figurinhas de madeira penduradas em árvores e o que a dada altura se supõe ser um Yeti, pois os seus passos são pesadíssimos e arremessa árvores à distância. E porque vão os personagens ao bosque da bruxa? Porque o irmão da jovem que desapareceu no filme original viu um clip de found footage no youtube e decide ir procurá-la, quinze anos mais tarde (a história passa-se em 2014), com três amigos, aos quais se junta o casal que encontrou a found footage e vai servir-lhes de guia.
Adam Wingard ganhou proeminência por segmentos nas duas primeiras antologias de terror intituladasVHS (mais found footage), pela invasão domiciliária És A Seguir (2011) e por The Guest (2014), todos com guião de Simon Barrett. A dupla prepara-se agora para estragar I Saw The Devilremake do thrillersul-coreano de 2010.
Blair Witch 2016

The Purge: Election Year, de James DeMonaco

Parece uma trilogia, mas as Purgas de James DeMonaco já têm previstos mais dois capítulos. É verdade, o homem que escreveu O Negociador (1998) e actualizou o Assalto à 13ª Esquadra (2005) começou a realizar o que era seu com Staten Island(2009) e tomou-lhe o gosto. Aparentemente, o público até tem apreciado cada purga (2014) mais do que a anterior (2013) e onde o dinheiro corre, o sangue jorra.

A cronologia é um pouco confusa, pelo que é melhor ignorá-la. Um quarto de século depois dos Novos Pais Fundadores terem chegado ao poder, estão previstas eleições e a Purga é a data ideal para os que querem manter-se no poder eliminarem a candidata que mais os ameaça. Uma vez que o actor Frank Grillo aceitou reprisar o papel que iniciou em A Purga: Anarquia (e onde nada é anárquico: gangs armadas fornecem vítimas para os mais ricos torturarem e matarem em galas para o efeito e há camiões com tropas governamentais a eliminar quem sobra), contrataram-no para proteger a senadora em perigo e, primeiro em casa e depois na rua, bate-se contra assassinos treinados e malucos subversivos, antes de entrar em contacto com a resistência (também já havia resistência organizada em Anarquia) e ter de parar um homicídio e realizar uma missão de resgate na mesma catedral. Como novidade, o turismo relacionado com a Purga, onde estrangeiros dão entrada no país para saírem à rua de armas em punho. Se o primeiro era de suspense e o segundo de guerra, este esforça-se por equilibrar o barco e, a dada altura, até parece a série 24. Elizabeth Mitchell faz de senadora e Betty Gabriel tem mais estilo do que parece.

The Purge: Election Year 2016

Anjos e Sombras, de Declan Dale

Uma moça sozinha desce de saltos e minissaia os degraus da estação do metropolitano e vê um albino vestido de fato branco a caminhar sobre o espaço entre as plataformas. No dia seguinte, vê uma asiática vestida à Lady Gaga. Um cartaz publicitário observa-a. Um polícia foi morto nessa estação, nessa noite, e o parceiro quer apanhar o culpado. Mas o bairro é maioritariamente habitado por minorias e ninguém fala. No final, há uma analepse para o que já se percebeu. Até lá, bate-se no ceguinho até toda a gente perceber. E, sim, há uma razão para se pensar logo em Irreversível (2001).

Declan Dale é o pseudónimo com que Gee Malick Linton se viu obrigado a assinar o seu primeiro filme, desiludido com a interferência do estúdio que lhe transformou o projecto sobre violência policial e violação de mulheres e crianças num policial genérico misturado com surrealismo de pacote. Estrelam Ana de Armas e Keanu Reeves, juntos desde Knock Knock (2015), ele com um papel secundário que a montagem esticou, tornando insuportável o seu perpétuo estilo sonolento e ela muito emocionada, muito religiosa, com olhos grandes, bochechas e um cabelo preto que lhe recorta o rosto como o de Tiffani Thiessen. Mira Sorvino continua secundária. Parece circular paralelamente uma versão do realizador, montada por Hervé de Luze, para quem quiser saber o que Gee Malick Linton tinha em mente desde 2009.


Exposed 2016

Solace: Premonições, de Afonso Poyart

Quando a polícia conclui que está perante um assassino em série que não deixa vestígios, recorre à ajuda de um medium aposentado, que aceita regressar ao activo assim que pressente a morte iminente de ambos detectives encarregues do caso. Rapidamente se apercebe estar perante um autor de crimes misericordiosos, que mata doentes antes que sofram, a quem chama de Anjo da Morte (numa acepção que nada tem a ver com Josef Mengele, médico nazi que ficou com essa alcunha). O pior é que esse indivíduo tem ainda mais poderes do que ele.

Solace faz recordar A Queda (1998), filme de Greggory Hoblit onde um detective procurava um assassino e descobria estar a perseguir o anjo Azazel, na medida em que se tratava de uma trama policial que, a meio, se revelava de natureza sobrenatural. Curiosamente, Solace esteve para ser uma sequela de Se7en (1995), intitulado Ei8ht, mas a ideia foi apagada devido ao desagrado de David Fincher. Depois de concluído, o filme passou dois anos sem distribuidor, foi comprado pela Relativity Media, que faliu antes de distribuí-lo, foi comprado pela Lionsgate, que o exibiu num imitado número de cinemas. Tirando a qualidade da direcção de fotografia, há pouco para elogiar. Com Anthony Hopkins, Jeffrey Dean Morgan, Abbie Cornish e Colin Farell. Janine Turner, fugazmente.
Solace 2015

A Purga: Anarquia, de James DeMonaco

Chegou a nona purga anual, que permite aos cidadãos doze horas para saldarem as suas dívidas com os vizinhos, ou seja, rédea solta para se matarem uns aos outros. Neste salve-se quem puder, um homem em busca de vingança acaba a ajudar um grupo de pessoas pela noite fora. Para quem gosta de assistir à luta pela sobrevivência de inocentes em território hostil, esta sequela de A Purga (2013) é uma fita de acção urbana, ao contrário da invasão domiciliária do primeiro, que apostava exclusivamente no suspense com inclinação para o terror. Ainda assim, a Oeste, nada de novo. 

Escrito e realizado por James DeMonaco nas mesmas funções ocupadas no original. Frank Grillo e Carmen Ejogo são as caras mais conhecidas do elenco. Como graçola, é afirmado que as pessoas não matam o suficiente e por isso é necessário o recurso a forças de intervenção governamentais, que complementam a iniciativa privada com a missão de subir o número de fatalidades. Fica por explicar porque é que as duas vítimas de cor protegidas pelo Punisher eram alvos preferenciais. E, claro, ninguém entende como é que uma purga anual faz descer os níveis da criminalidade dos restantes 364 dias e meio do ano.
The Purge: Anarchy 2014

In The Deep, de Johannes Roberts

Duas mulheres, dois tubarões, uma refeição iminente. Quando duas irmãs norte-americanas decidem divertir-se no México, vão ver tubarões no seu habitat natural e a jaula solta-se do guincho, caindo a uma profundidade considerável. Enquanto o oxigénio se esgota, as duas dão ao rabo, à vez, em brincadeiras de sobrevivência. O mal de todo este episódio se passar a quarenta e sete metros do nível de água é que a iluminação é muito limitada.
Mandy Moore sempre primou pelo recato e longe vão os seus anos de teen idol, tendo gravado o primeiro disco aos 14 anos e ido em digressão com os Backstreet Boys aos 15, feito filmes românticos juvenis (Um Amor Para Recordar, 2002, À Procura de Liberty, 2004) e, entretanto, sido a voz de Rapunzel em Enlaçados (2010). Tem agora 32 anos e peso suficiente para recusar usar biquini (logo na cena de abertura, apanha sol de fato de banho) e não se percebe como podem os tubarões preferir a mais fininha Claire Holt, que faz de irmã. Num papel muito secundário, Matthew Modine. Mais secundário ainda, os ditos tubarões, que têm menos de um minuto de contrato, ou movem-se na escuridão em que mais de metade da fita foi mergulhada.
Dois filmes de mulheres contra tubarões em 2016 experimentaram o título In The Deep, mudando o outro para The Shallows (Águas Perigosas, 2016) e este para 47 Meters Down e adiado para o ano. A razão é menos má, porque o filme ia sair em VOD como In The Deep, mas agarrou a oportunidade de estrear em salas de cinema se esperasse por 2017, pedindo só para usar o working title 47 Meters Down. Infelizmente, esta produção de Alexandre Aja não é nem um verdadeiro filme de terror nem uma comédia do género e vai fracassar nas bilheteiras, fartas de pessoas com problemas a empatarem o tempo de antena dos grandes dentuços brancos. Lá mesmo no final, ainda se assiste a um abocanhamento que os computadores geraram com autenticidade, apenas para arrastarem a vítima para debaixo de água e o peixe não valer o seu dinheiro em pixeis. De notar também que, num gesto invulgar que lembra A Descida (2005) de Neil Marshall, o guião conta com dois finais sucessivos, retrocedendo depois do primeiro. Quem viu A Descida perceberá o que quero dizer. E também a diferença entre uma obra valiosa e uma nula.
In The Deep 2016

10 Cloverfield Lane, de Dan Trachtenberg

Uma mulher em fuga de uma má relação tem um acidente rodoviário e acorda algemada num bunker, é informada de que começou o inverno nuclear e de que tem pela frente um ano ou mais de vivência subterrânea com dois outros sobreviventes, um deles menos pacífico do que o outro. Pequeno conto do imprevisto ao estilo Quinta Dimensão: face à informação de que o mundo acabou e estás no único sítio seguro, acreditas simplesmente no que te dizem ou tens de ver por ti próprio, por mais perigoso que isso seja?
10 Cloverfield Lane apanhou de surpresa a cinefilia por tratar-se de uma produção de J.J. Abrams a estrear muito próxima do êxito de Guerra das Estrelas: O Despertar da Força (2015), mas tirando esse facto, não deixa uma impressão duradoura. O perfeitamente desnecessário Cloverfield no título é pista suficiente de que a explosão que os personagens alegam ter visto não terá sido o início de uma guerra nuclear, mas mais um episódio do ataque extraterrestre já filmado em Cloverfield (2008). De resto, não é um projecto ambicioso, jogando com ideias gastas e um tão baixo orçamento que os efeitos especiais foram gerados na própria Bad Robot (produtora de Abrams).
John Goodman, Mary Elizabeth Winstead e John Gallagher Jr. Fazem o que podem e Dan Trachtenberg, realizador da curta Portal: No Escape (2011), estreia-se na longa-metragem com profissionalismo, mas sem grande controlo dos efeitos especiais. Não é familiar de Michelle Tratchenberg. Winstead é mantida descalça durante todo o filme, com alguns close ups aos pés, não se entendendo como é que ninguém lhe empresta, pelo menos, um par de peugas; em cena alguma a ausência de calçado se revela importante. O guião recorda os de Retreat (2011), The Devide (2011) e do episódio Shelter Me, da sérieMetal Hurlant Chronicles (2012), baseado num comic publicado em 2003.
10 Cloverfield Lane 2016

A Bruxa, de Robert Eggers

Superstições numa América ainda berço, o Diabo feito de mentiras e omissões no seio de uma família proscrita, obrigada a sobreviver longe da comunidade com a qual desembarcou da Inglaterra, demasiado agarrada à religião e pouco à subsistência terrena. O desaparecimento do bebé despoleta o sofrimento dos pais e a desconfiança dos irmãos, acusações de bruxa para cá e para lá, alguma há-de colher, que entre ventos e tempestades, recebe-se sempre o pior.
Primeiro filme escrito e realizado por Robert Eggers, um production designer com uma história para contar, mas pouco para dizer. A Bruxa balança entre o realismo das imagens e a dúvida surrealista do tema, no final apresentando-se sem roupagens mas também sem surpresas. Podem tirar-se as pessoas da Idade Média, mas não a Idade Média das pessoas. Stephen King manifestou-se aterrorizado pelo filme, mas qualquer cardíaco discordará desse populismo.
The Witch 2015

All Through The House, de Todd Nunes

Todos os estereótipos dos slashers dos anos 80 num único balde de sangue falso. E fezes, muitas fezes, em termos de qualidade. Numa América que premeia a mediocridade até na Casa Branca, chamam-se homenagens a concretizações amadoras, daquelas que só deviam ser vistas por familiares. Realizado por Todd Nunes e estrelado por Ashley Mary Nunes que, nem de propósito para esta linha argumentativa, são irmãos.
Com efeitos visuais que envergonhariam até o Tom Savini dos anos 70, um Pai Natal com uma tesoura de poda vai despachando casais excitados casa a casa, até chegar àquela onde cresceu como menina, depois de ter sido capado pela mãe e não se sabe quando enviado para o hospício de onde se evadiu esta noite. A casa da mãe está cheia de manequins vestidos de Pais Natais, mas essa fixação nunca é explicada, nem a razão para haver tantas portas fechadas a cadeado. De resto, é ir contando os filmes em que as diversas cenas se inspiram. E, já agora, o título deveria ser All Through The Street, porque as tropelias não se cingem a uma casa, como no muito superior Nem Respires (2016), por exemplo.
All Through The House 2015

Morgan, de Luke Scott

Quando o francês George Sluizer foi convidado a fazer um remake (1993) do seu próprio filme A Desaparecida (1988), foi na condição de alterar o final, porque, informaram-no, as audiências norte americanas não iam aceitar o que tinha propostos às holandesas no original. No mesmo sentido, Morgan (2016) parece ser uma espécie de remake de Ex Machina (2015), com um final mais americanizado e consumista. Assim, o que parece um thriller psicológico transforma-se num slasher e termina com uma caçada e um corpo-a-corpo com artes marciais.
Filho de peixe aprende a nadar com o pai e Luke Scott estreia-se na piscina de Scott Free, o estúdio do papá Ridley. Kate Mara protagoniza e Anya Taylor-Joy antagoniza, saída do sucesso de Witch (2015). Porque uns são enteados, mas Luke é herdeiro ao trono, há mais nomes sonantes a sorrirem-lhe para a câmaraem fila indiana temos Toby Jones, Michelle Yeoh, Jennifer Jason Leigh [excelente actriz que, depois de umas plásticas falhadas, esconde o rosto com hematomas (Os Oito Odiados, 2015) ou uma venda no olho, aqui] e Paul Giamatti (num papel que comparo ao de John Malkovitch em Jennifer 8, 1992). A voz de Brian Cox pode ser identificada no prólogo, para a sua presença vir a ser reconhecida no epílogo.
Morgan é mais um variação ao tema da criação de um novo ser através dos avanços científicos, sejam no campo da genética ou da inteligência artificial, onde a criatura se revela agressiva e, ao descobrir que vai ser eliminada, antecipa-se (no passado recente, recordo Splice, 2009) e um desfecho que, a meio, já se revela um previsível robot faceoff. Curiosamente, foi umfracasso de bilheteira, o que prova que as audiências andam menos que previsíveis do que as pastilhas que lhes dão a mastigar e só engole quem quer. Neste tom, relembro que o remake de A Desaparecida também falhou redondamente o público-alvo e o original continua, merecidamente, um filme de culto.
Morgan 2016

Green Room, de Jeremy Saulnier

Quando uma banda punk em desespero económico começa a desesperar pela própria sobrevivência, é porque a fechadura dogreen room (sala de espera para convidados) da festa neo nazi, num clube situado num bosque, onde estão barricados, já não oferece garantia suficiente de segurança. O terceiro filme escrito e realizado por Jeremy Saulnier é um slasher coerente, comprometido e sem desculpas. Sabe gerir a tensão, os personagens não têm atitudes estúpidas e a violência gráfica é magneticamente repelente. Como único defeito, é estrelado por Anton Yelchin e Imogen Poots, dois rostos suficientemente conhecidos para sabermos que, do body count, vão naturalmente ficar para o final. Mark Webber e Patrick Stewart rapam o cabelo para integrar os adversários.
Green Room 2015